Nightmare of Decay é uma proposta de survival horror em primeira pessoa com bastante inspiração em referências do gênero.

A inspiração em Resident Evil é inegável logo à primeira vista, e os jogo possui um loop muito similar a ele, mas em primeira pessoa. Os visuais retro também contribuem com experiência, e tem uma série de easter eggs que fazem referências a outros jogos tanto em matéria de situações, como também de personagens. Um certo chefe inclusive é muito na cara inspirado em um dos chefes do primeiro Diablo.

O design do jogo é bastante redondinho em matéria de escopo e estrutura, com uma progressão marcada por puzzles e combates bem no estilo característico do gênero. É difícil se perder em Nightmare of Decay pois é fácil se situar no mapa e saber como proceder por conta da condução clara e intuitiva.

A dificuldade maior está em gerenciar não só os recursos, mas também o movimento. Tanto no enfrentamento de inimigos comuns, como também nas lutas de chefe, posicionamento e movimentação constante são chave pra sobreviver ou enfrentar eficientemente os inimigos.

A atmosfera de horror é construída mais fortemente com uma engenharia de som competente e com uma manipulação habilidosa da luz ambiente. Os inimigos per se são grotescos, mas a modelagem e a direção de arte tiram bastante o peso por optar por texturas mais cruas de baixa resolução retrô, além da baixa contagem de polígonos dos modelos. São objetos feios, mas não horripilantes, mais ainda assim contribuem para ambientar o horror, de forma secundária.

A duração dele é uma delícia. Com quase 4h eu consegui terminar no normal sem muitas dificuldades. Tive um pouco de complicação em alguns chefes até pegar o jeito deles, mas num geral é uma dificuldade gerenciável. O design de quase todos os chefes é muito bom, mas não gostei tanto do chefe dos 3 Guardiões.

Os puzzles são fáceis, porém engenhosos. Seguiram uma cartilha de design com bons exemplos e aplicaram lições e conceitos vistos em outros jogos do gênero pra criar aquela sensação prazerosa de adventures, similar aos jogos de "escape the room", intercaladas com os encontros com inimigos, bem parecido com o que vimos em Resident Evil 4.

A história é curta e não tem grandes pretensões. É um conto até envolvendo cultos, loucura, criaturas sobrenaturais, assassinatos e uma aspecto meta onírico. O mal de histórias nesse campo é que abusam de tropes como eventos acontecidos em sonhos afetarem o mundo real, e no fim das contas tudo é só um pretexto de fundo para desenvolver a ideia.

Isso não impede do roteiro ser bem estruturado, com narrativa que usa de cutscenes, ambiente e texto, com os famosos "logs". Não há uma grande explicação para o final, afinal, os autores optaram por algo muito mais lúdico do que literário, sem medo de abusar de clichês.

Nightmare of Decay é acima de tudo, um misto de carta de amor e paródia, entregando um survial horror feijão com arroz saboroso e bem temperado.

Reviewed on Sep 16, 2022


3 Comments


1 year ago

O que exatamente seria "um aspecto meta onírico"?

1 year ago

@CDX Eu quis dizer que a história faz uma referência a si mesmo usando o recurso da metalinguagem, usando a temática de sonhos. Onírico é relativo a sonhos e meta é abreviação de metalinguagem.

1 year ago

Ah, saquei. Valeu!