A jornada de um Herói.

Após 7 jogos seguindo a jornada de Kazuma Kiryu, ele oficialmente se despede como o personagem principal da franquia, dando lugar a Ichiban Kasuga para brilhar nos holofotes mais fortes. A fórmula do jogo também foi alterada totalmente, indo de um brawler para um JRPG padrão, com gameplay de turno, mudança essa que eu entendo alguns fãs mais antigos da franquia não gostarem, mas eu acho totalmente válida. Pessoalmente, ainda prefiro o estilo de gameplay dos Yakuzas antigos do que o do Like a Dragon (e isso está vindo de alguém que tem Persona como uma de suas franquias favoritas) mas os Judgment estão aí justamente para isso, para matar a saudade que temos da gameplay clássica de Yakuza. Essa mudança de ares foi positiva para a franquia e isso se prova com a popularidade que esse jogo teve.

Falando agora do jogo em si, eu achei ele sensacional, os gráficos são estupendos, sendo tranquilamente os mais bonitos da franquia até hoje, o cast é muito bem escrito, fazendo a falta que a gente tem do elenco "antigo" de Yakuza ser bem pequena e a gameplay é de qualidade, sendo um rpg de turno muito bem construído.

A narrativa teve seus altos e baixos, mas no geral eu achei ela muito boa. Graças a essa nova fase que a Ryu Ga Gotoku levou pra sua obra prima, quase toda a construção de personagens e de mundo (Ijincho) teve que ser feita do zero, e eles conseguiram fazer isso de forma magistral. A empatia e nosso carinho pelo Ichiban já vem logo no primeiro capítulo, e no decorrer do jogo cada vez mais esses novos personagens vão ganhando espaço no seu coração. Então obrigado Ichiban, Adachi, Nanba, Saeko e todos os outros que aparecem no decorrer do jogo, vocês conseguiram algo que era extremamente difícil: segurar um Yakuza sem Kiryu, Majima e companhia. Meus mais sinceros parabéns.

Sobre o combate agora, preciso admitir que no final do jogo eu já estava meio enjoado e isso é graças a um grande problema dele: Balanceamento. Eles colocaram na cabeça que, diferente de um JRPG padrão, onde as skills novas vão superando as skils antigas, mas mesmo assim elas acabam sendo úteis em situações específicas (dando um exemplo de algo que eu entendo, no Persona Agidyne é mais forte que Agilao, que por sua vez é mais forte que Agi, mas dependendo da situação, é melhor usar o Agi para começar a negociação, fazer um batton pass ou dar um all-out attack, a skill dar menos dano não torna ela inútil), porém, no Like a Dragon, eles fizeram isso de forma que as skills iniciais, além de serem consideravelmente mais baratas que as avançadas, dessem tanto dano quanto elas, se não for um dano ainda maior (eu tô olhando pra você Head Trauma). Ao invés das skills mais iniciais tomarem um power creep e ficarem inúteis, elas foram as únicas que eu usei durante basicamente o jogo inteiro, já que elas davam um dano imenso e saiam praticamente de graça, então depois de 40 horas de jogatina eu meio que enjoei de usar as mesmas 3 skills de cada personagem entre as 25 disponíveis, eu gostaria de um pouco mais de variedade.

Entretanto, tirando esse ponto em específico, o combate é muito bom, cada personagem pode ser útil de formas completamente diferentes, graças a mecânica de trabalhos. Você pode colocar ele de Músico e tornar o personagem em um suporte, da mesma forma que esse mesmo personagem com o trabalho de Enforcer pode se transformar no tanque do time e por aí vai, apesar de terem alguns trabalhos objetivamente mais fortes que os outros, a forma de jogar o jogo é completamente pessoal, onde cada player dá os trabalhos que quiser e monta a sua party da forma que ele desejar, eu acho isso uma baita ideia.

Entrando agora em um ponto que infelizmente eu sou obrigado a criticar: o final do jogo. Essa parte obviamente vai ter spoilers então continue lendo a partir daqui por sua conta e risco, caso você não tenha jogado o jogo e pare de ler por aqui, eu agradeço por você conceder minutos importantes do seu tempo pra ler essa review, eu recomendo demais o jogo (em especial na ordem correta da franquia, jogando ele após o 6) e eu acho que ele é uma experiência extremamente interessante, seja pra fãs da franquia, pra fãs de JRPGs ou pra fãs de videogame em um geral.
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Entrando agora no fim do jogo, eu achei ele extremamente tocante até a página 2, onde o meu problema fica na cena final mesmo, antes dos créditos rolarem e os pós créditos começarem. Essa cena obviamente sendo a facada que o Kume dá no Masato. Infelizmente essa decisão da RGG quebrou completamente o clima mórbido e forte que todo o diálogo que o Ichiban e ele tiveram, e isso dói muito, porque foi uma cena linda entre os dois irmãos. Eu não sei qual necessariamente era a ideia deles, mas eu tenho que dizer que tinha formas bem melhores de fechar o jogo, matando o Masato ou não. Foi o final de Yakuza 3 tudo de novo, mas enquanto no 3 o Kiryu não só sobreviveu, mas o Hamazaki foi preso e isso foi um plot point importante no 4, no Like a Dragon isso foi completamente em vão, o Masato teve a sua redenção, falando que ia se entregar pra polícia e pagar pelos pecados que cometeu, tudo isso pra tomar uma facada a céu aberto do Kume (por sinal, como ele sabia que ele ia estar lá nos coin lockers??) e morrer, ficou muito sem sal. E considerando que o Kume fez isso com diversas testemunhas, incluindo o próprio Kasuga, o que vai acontecer com ele? Ele foi preso? Isso vai ser algo importante no 8 ou foi algo que só aconteceu pra matarem o Masato e ele não aparecer no jogo seguinte? Eu não sei, mas eu sou obrigado a falar que essa cena quebrou o que estava sendo um dos momentos mais lindos que Yakuza já teve até então.

Mas no geral, jogão, recomendo a todos e espero que a história de Ichiban continue sendo escrita de forma linda no Like a Dragon Infinite Wealth, faça o seu trabalho RGG por favor

“Once you’re at rock bottom, the only way forward is up. But the bottom doesn’t have to be all dark and gloomy. If you can stand and look up, you’ll see the light of hope there.”

Reviewed on Sep 14, 2023


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