Depois da experiência que foi jogar o Trigger Happy Havoc, eu não tinha a maior das expectativas para o Danganronpa 2. É verdade que eu ouvia muito bem dele, com quase todos os meus amigos dizendo que ele era bem melhor que o primeiro e tal, porém o meu cérebro não me permitia hypar demais um jogo que sim, já de cara aparentava ter muito mais carisma que seu antecessor, mas que poderia muito bem sofrer da mesma falta de tempero. Porém, para minha felicidade, Danganronpa 2: Goodbye Despair foi um jogo consideravelmente superior, sendo um upgrade em basicamente tudo.

Logo de início eu tinha medo de que a trilha sonora não atingiria os níveis altíssimos impostos anteriormente e que o Masafumi Takada não seria capaz de produzir algo tão bom e marcante quanto ele havia produzido para o jogo de 2010, só que eu estava redondamente enganado. Não só ele foi sim capaz de produzir algo tão bom quanto, eu diria que ele fez algo ainda melhor, com trilhas que combinam assustadoramente bem com a atmosfera do momento. Atmosfera essa inclusive que é extremamente agradável, com um setting centrado em ilhas, calor, praias e afins, mas que consegue também se aprofundar em cenários mais urbanos e robustos.

E era de se esperar que, para um jogo com um feeling tão bom, o cast precisava ser muito mais vivo e agradável que o do primeiro jogo, esperança essa que definitivamente se confirmou. Mesmo com ele estando longe de ser perfeito, contendo sim alguns personagens que te fazem questionar o quão sóbrios estavam os seus criadores no momento em que eles foram planejados, no geral é um elenco objetivamente muito melhor. Personagens como o Nagito, o Gundham, o Fuyuhiko e a Chiaki são exemplos claros do quão melhor ficou a escrita do time da Spike Chunsoft responsável por esses jogos no intervalo entre o primeiro e o segundo jogo, compará-los com a maioria esmagadora dos personagens do THH acaba até sendo uma ofensa.

Falando em melhora, é preciso citar também a evolução da narrativa entre os dois jogos. Enquanto a do primeiro é extremamente simples e gira apenas em torno da revelação do Mastermind e as ocorrências no lado de fora de Hope’s Peak, a do segundo jogo acaba sendo bem mais profunda, criativa e interessante. Com diversas dúvidas sendo criadas na cabeça do jogador sobre a situação em que os personagens estão, o jogo consegue entregar um jogo bem mais competente na parte do “Mystery” de um Murder Mystery. É uma enorme pena que o final desse jogo seja... algo, prefiro não comentar sobre o final pois lágrimas de tristeza escorrem só de me lembrar.

Jogo perfeito não existe, não é mesmo? E bom, se fosse para existir algum, não acho que um produto tão fora da caixinha do “convencional” como Danganronpa teria o poder de alcançar esse feito. É claro que ele apresenta problemas, tais como personagens que não deveriam existir, casos com uma linha de raciocínio tão desconexa e sem sentido que acabam se perdendo no que deveriam ser, um final que, como já falei, ainda perturba minhas noites de sono, e alguns outros defeitos pontuais, mas a experiência como um todo foi tão agradável que eles acabam sendo apenas um detalhe, um ônus que não é capaz de estragar o todo do produto.

Reviewed on Jun 27, 2024


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