S.T.A.L.K.E.R. sempre me intrigou desde que eu ouvi falar dele pela primeira vez. produzido na Ucrânia em condições precárias e inspirado no romance “Roadside Picnic” (1971), que também inspirou o clássico filme “Stalker” (1979) (as duas adaptações não tem relação entre si), o projeto foi adiado múltiplas vezes, esticando seu prazo de lançamento original de 2003 para 2007, devido à imensa ambição presente na quantidade estúpida de mecânicas complexas demais para um estúdio relativamente inexperiente na produção de um shooter em primeira pessoa tão imenso. boa parte do conteúdo dele foi cortado para que ele conseguisse ser lançado, algo que as sequências tentam implementar, mas isso torna o primeiro jogo um daquelas coisas ambiciosas demais para o seu próprio bem, meu tipo favorito de coisa.

poucas coisas tem a vibe que a ambientação desse jogo tem. eu amo chegar em um acampamento e sempre encontrar 3 carinhas ao redor da fogueira, um com um violão e outro segurando uma garrafa de vodca. a exploração é sempre agradável e procurar artefatos que dão bônus espalhados na região. sou grande fã também de correr de lobos selvagens no meio do mato enquanto bebo energéticos. todas as lojas possuem uma ambiência sonora deliciosa de se absorver entre as batalhas e os períodos de tensão vindas da exploração de prédios abandonados, que são os momentos em que S.T.A.L.K.E.R. se torna um survival horror. bom, pelo menos me assustou. agregando ao nível de tensão, as armas são falhas em seu funcionamento diegético devido ao sistema de degradação, mas esse efeito é atingido de ambas formas intencional e acidental, visto que elas foram programadas de maneira tão bizarra ao ponto de inspirarem inúmeros rumores sobre seu funcionamento dentro do código. um deles diz que até mesmo as armas equipadas pelo jogador são mais efetivas quando o jogo se encontra na dificuldade máxima, o que eu não sei se acredito completamente, mas aceito ela como uma desculpa para jogar no modo mais desafiador que complementa bem o tom da narrativa.

eu decidi jogar S.T.A.L.K.E.R. sem mods, nem mesmo o “Zone Reclamation Mod” que retifica algum dos bugs mais sérios. parte da minha decisão veio por eu gostar do humor que alguma das falhas trazem, mas também por um ceticismo da minha parte sobre o que os fãs consideram um “erro”, algo que surgiu depois de ler múltiplas listas de mods "essenciais" para Fallout New Vegas (basicamente tudo presente no projeto viva new vegas é estúpido e desnecessário). enfim. jogar S.T.A.L.K.E.R. sem essas modificações é uma experiência que vale a pena se você tem paciência com jogos que se quebram fácil. os carinhas que ficam incessantemente repetindo uma frase quando você entra no campo de visão deles são muito legais.

o combate de S.T.A.L.K.E.R. (eu gosto de escrever esse título) funciona melhor quando ele é usado nos momentos mais survival horror, quando você precisa se defender de mutantes com habilidades sobrenaturais, ou até mesmo de trupes de soldados bem eficientes em atirar em tudo que se mexe na frente deles. mas o combate se torna bem menos interessante para mim quando começa a tentar fazer algo mais “jogo de tiro militar”. eu já sabia que a reta final do jogo foca um pouco demais nisso, então eu já tinha em mente que eu provavelmente iria abandonar o jogo quando chegasse nesse ponto. o problema foi que eu me deparei com a maior falha técnica que esse jogo possui, tão intensa que mesmo o “Zone Reclamation Mod” não ajuda muito: meu computador começou a desligar sozinho depois de eu ter entrado em uma área nova. devo deixar claro: eu atingia 60fps constantes com os gráficos no médio, e eu já tinha passado 16 horas nesse jogo sem ter esse problema, mas aparentemente S.T.A.L.K.E.R. é infame por fazer CPUs suarem, mas isso só passou a me afetar em uma área presente na segunda metade da trama, que talvez tenha passado menos tempo sendo otimizada. depois de abaixar a qualidade gráfica (o que me deixou triste pelo jogo ser bem bonito) essa complicação foi resolvida, mas a cidade que eu morava estava em uma onda de calor tão intensa que eu passava meu tempo todo na frente de um ventilador ligado no máximo. então passei a ter medo de ligar S.T.A.L.K.E.R. e voltar a ter esse problema mesmo com os gráficos no baixo. eu já pensava que talvez iria engavetar ele devido às hordas de soldados com mega coletes de balas, mas o que me fez engavetar S.T.A.L.K.E.R. foi… condições climáticas. uau. calor é uma forma de radiação né? eu posso dizer que isso é irônico? se você entende química e pode me falar algo sobre radiação não me corrija. eu sou fã de Fallout eu sei o que tô dizendo.

mesmo com esse contratempo, jogar S.T.A.L.K.E.R. gerou momentos únicos, tensos e agradáveis que me deixaram apaixonada mesmo com os tropeços. eu amo sua vibe e seus bugs quase na mesma intensidade e eu só descreveria minha experiência como agridoce por toda essa situação com o meu computador (que já era bem velhinho. você provavelmente não vai ter esse problema com gráficos no médio). eu troquei a minha placa de vídeo para uma melhor no começo de 2024, mas minha CPU ainda é a mesma. talvez em condições mais apropriadas eu tente finalizar ele.

Reviewed on Sep 17, 2023


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