This review contains spoilers

[P.S. Antes de tudo, é minha primeira experiência com um Final Fantasy. Muita coisa pode soar como leiguice ou primeiro contato, e é porque é mesmo.

P.S. 2 Escrevi isso assim que acabei o jogo, antes de jogar o Intermission.]

Maravilhoso quando é bom, um porre quando é chato, envolvente o suficiente pra te manter querendo saber o que vai acontecer no capítulo seguinte. Eu gostei do FF7Re muito, muito mais do que eu pensei que eu fosse gostar, considerando que eu dropei ele nos primeiros capítulos da primeira vez que eu peguei pra jogar.

Primeiro o que mais me incomodou: os problemas de ritmo. Foi o que mais me marcou negativamente, de longe. Um capítulo inteiro de sidequest? E talvez alguns capítulos se "expliquem" no Rebirth ou no Crisis Core (como o capítulo 11), mas avaliando dentro de um jogo que eu já comecei a jogar sabendo que ia ter sequel, que negócio penoso de terminar. Eu não lembro absolutamente nada desse capítulo, e se eu não larguei ali foi por já estar envolvida o suficiente com o universo pra saber o que vinha depois. Pra cada sequência de batalha em cima de moto, pra cada boss de tirar o fôlego e pra cada combate com uma mecânica diferente você tinha algum capítulo ou algum momento INFERNAL de se terminar. Do capítulo 17 pro 18 essa falta de dosagem do ritmo também me incomodou durante o jogo. Achei que a gravidade dos eventos escalou rápido demais e, querendo ou não, o Remake dá pouco ou nenhuma informação sobre o Sephiroth pro jogador. Só que nesse final eu senti que eles conseguiram retomar as rédeas da história depois da batalha com o Sephiroth com a última cutscene e ditar o tom muito bem pra continuação da história, mantendo a atmosfera de uma história muito mais comprida e complicada não contada que foi o que mais me agradou durante o jogo.

Visualmente o jogo é estúpido de tão bonito. Eu já sou babona demais pelos designs do Nomura, mas tudo no jogo é tão lindo, as cutscenes de ação são de encher os olhos, é tudo tão bem coreografado que muitas vezes parecia menos luta e mais dança e acho que pro tom do jogo não podia ser melhor, de me fazer sorrir numa luta de espadas, numa sequência de detritos voando, com alguém caindo do penhasco. O design de personagens também é um espetáculo a parte, não só do elenco principal: o exagero vilanesco dos líderes das divisões da Shinra, o glamour e a elegância quase desnecessárias do Rufus Shinra, a personalidade bem marcada dos Turks mesmo que eles estejam de uniforme, tudo fez com que cada um dos personagens se tornasse memorável pra mim, mesmo que a presença deles não seja tão marcante ou que eles não tenham tanto tempo de jogo. Os monstros e as invocações também são lindos e dá gosto de ver em campo. Vou morrer defendendo estilo e aproveitamento do que o videogame como mídia visual pode fazer e ser acima de hiperrealismo.

Mais do que me emocionar pelo drama ou pela intensidade o que me encantou sobre o FF7 foi exatamente esse sentimento de uma história mais antiga que o próprio tempo, com raízes e rusgas além da própria ciência dos personagens e da qual eles são peões antes mesmo de existirem naquele universo. Tudo sobre o mundo do Remake é muito vivo, e talvez por detrimento das personagens ou mérito do mundo construído, Midgar e o planeta em que se passa o jogo engole todos os outros aspectos. Talvez, você não simpatize com o Barret ou com a causa da Avalanche. Ou você não entenda direito o que é mako, ou quais as reais proporções do conflito se desenlaçando diante dos seus olhos, ou ainda, qual o passado não revelado entre o Cloud e o Sephiroth, mas você sente que tem muito em risco.

A engrenagem dos conflitos pessoais (do Cloud e da Aerith) das personagens são provavelmente a coisa que se move de forma mais constante no jogo, se entremeando na escala cósmica desse universo de um jeito hipnotizante, fantástico, e acho que é pra mim o testamento do amor posto em todo esse jogo, de um cuidado muito meticuloso. O mistério, as perguntas não respondidas, e as lacunas a serem preenchidas formam a trilha pra um caminho muito tortuoso pro Cloud trilhar - que, como disse o Sephiroth, sequer existe - mas que eu quero muito acompanhar e que me deixou muito, muito ansiosa pra colocar as mãos no Rebirth o quanto antes.

Reviewed on Mar 28, 2024


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