Antes que comente, dedico este espaço aqui não como uma crítica ao título, mas sim como um memorando ao Akira Toriyama. Agradeço desde já.

Logo, gostaria de abrir isto falando sobre algo que me recordo e de fácil acesso, que ocorreu em uma edição da revista "Eureka", em fevereiro de 1983, onde Akira dedicou um ensaio ao pai dos mangás, Osamu Tezuka, e um trecho dito ressoa comigo "[...] Pude ler muitas obras de Tezuka na livraria. Como sempre fui exposto às suas obras durante meus anos de aprendizado no ensino fundamental, acredito que fui influenciado por elas sem nem perceber. Tenho certeza de que existem muitos outros grandes artistas de mangá por aí, mas sem os trabalhos maravilhosos de Osamu Tezuka, não tenho certeza se desenharia mangás como faço hoje. Muito obrigado, mestre Tezuka, de verdade![...]".

A sensação de perder alguém que desconheço mas muito admiro é um tanto quanto estranha. Certas pessoas carregam consigo uma espécie de aura mística que beira a imortalidade, e com o Toriyama-sensei não foi nem seria diferente. Como toda criança, Dragon Ball moldou muito do que chamo de Eu, e foi minha companhia por diversas horas que poderiam ter sido solitárias - remediadas pelos nossos queridos personagens muito carismáticos com seus ensinamentos, piadas e combates inacabáveis. É uma memória fraca mas que ainda vive, lembro que sempre que meu pai voltava do serviço (durante o horário de almoço), a gente assistia um ou dois episódios de Dragon Ball Z, isso durante minha infância. Significou bastante pra mim. Em fato, carregou tanta influência em mim que compramos Dragon Ball Final Bout, no PlayStation. Jogo terrível, por sinal, mas que eu amava bastante justamente por ser daquele universo fantástico - um dos meus amigos descobriu que se fizesse um input no menu principal, liberava um grupo de personagens, na maioria Saiyajins. Sem contar nos filmes, nas aberturas, nos brinquedos. Saudades.

Anos se passam e Dragon Ball acabou por tornar-se relativamente distante na minha vida; não acompanhava e não me interessava, mas curiosamente, os jogos ainda viviam comigo, especialmente este, Budokai 3, e a versão modificada por fãs dele, conhecida como Dragon Ball AF. Eu não havia descoberto um gosto musical que eu gostasse em específico, mas o DB AF justamente por ser modificado, tinha faixas de bandas como System of A Down e se bem me lembro Slipknot e Limp Bizkit também marcavam presença (posso estar enganado). É difícil de descrever como era épico apertar R1 e se tornar o Super Saiyajin 4 em um jogo fanmade enquanto tocava B.Y.O.B. de fundo (risos) ou algo assim. Olhando para trás, talvez essas pequenas frações de jogatinas podem ter somado para tudo aquilo que gosto. Foram importantes.

Contudo, a influência do mangaká se encontrava em outras aventuras que fui tendo, como em Chrono Trigger e Dragon Quest. É tão belo como eu nunca consegui fugir de você, sensei. Belo como ninguém jamais conseguiu.

Sendo tão ínfimo e diminuto como sou, me sinto triste por não poder colocar em palavras tudo aquilo que Akira Toriyama trouxe nas nossas vidas, de forma direta ou indireta. Impossível pôr tudo aquilo que sinto aqui. "Inspiração" é tão pouco dado ao tamanho de seu legado, mestre. É dolorido demais que teves que ir, mas mais dolorido ainda da forma que foi. Pode ter certeza que todos vamos sentir sua falta. Por fim, minhas colocações não seriam justas nesta conclusão, então só parafraseio o que você mesmo dissera:
Pude acompanhar muitas obras suas. Como sempre fui exposto às suas obras durante meus anos de aprendizado, acredito que fui influenciado por elas sem nem perceber. Tenho certeza de que sem seus trabalhos, nós não seríamos como somos hoje. Muito obrigado, mestre Toriyama, de verdade!

Descanse em paz.

Reviewed on Mar 09, 2024


2 Comments


1 month ago

Descanse em pança😢

1 month ago

Ótima homenagem