Haunting Ground é uma obra-prima esquecida do survival horror de PS2.

Felizmente resolvi dar uma chance para este jogo e não me arrependo de nenhum segundo. É um jogo de terror psicossexual, aborda temas pesados e bizarros, com uma história um tanto fantasiosa, e que te deixa mais perguntas do que respostas — porém que não deixa de ser interessante.

A protagonista tem que fugir de vários perseguidores com ajuda apenas de um cão. Cada perseguidor com um com um motivo para persegui-la, mas todos com uma coisa em comum; todos apenas a querem pelo seu corpo, a enxergam como um objeto de consumo. Isso só fica mais claro ao decorrer do jogo e também me faz pensar que a física do jogo (principalmente nos peitos de Fiona) é apenas para reforçar a ideia que ela é não apenas sexualizada por alguns perseguidores como também objetificada por eles, reduzida à um mero desejo de consumo deles.

A personalidade de Fiona não é tão explorada no jogo, dando a impressão que ela é o perfeito estereótipo de garota indefesa e assustada — porém, em alguns diálogos, principalmente nas notas da personagem se percebe que Fiona é uma garota um tanto madura para sua idade, inteligente mas também introspectiva. Ela também parece bastante determinada para escapar do castelo, mesmo se mostrando um tanto aterrorizada com tudo á sua volta. Contudo, ainda gostaria que Fiona tivesse mais desenvolvimento de personagem.

A gameplay é de certa forma “simples”, se baseando em correr e se esconder — o que não é tão fácil como em primeira vista. Você não tem uma maneira muito eficiente de lutar contra os inimigos além de dar chutes ou usar o Hewie, o que faz ser um tanto desesperador e difícil as boss fights.

Algo um tanto inovador no jogo é o sistema de pânico, quando Fiona é muito atingida pelos inimigos ela pode ficar em pânico, fazendo que ela fique desorientada e não obedeça os comandos do jogador. Esse sistema faz um ótimo trabalho em deixar o jogador aflito, com uma trilha sonora frenética e tela piscando.

Um ponto que gosto muito é a tela de game over, ela não falha em ser grotesca e deixar o jogador desconfortável, fazendo com que você fique um bom tempo parado olhando para tela e pensando: “Que diabos foi isso?”

Os gráficos do jogo são encantadores, ainda mais para um jogo de 2005. O castelo Belli é muito detalhado, os locais do jogo são bem pensados. Enquanto jogava eu não podia de deixar de me encantar com cada detalhe das salas, esse é um ponto muito forte do jogo.

Eu poderia passar horas escrevendo sobre cada detalhe deste jogo, a trilha sonora, os perseguidores, toda a temática do jogo. Mas pretendo encerrar aqui e me abster de dar algum spoiler significante; Haunting Ground é num todo absurdamente encantador — mesmo que eu admita que tem pontos à serem melhorados. Espero de todo coração que a Capcom se lembre desde game e dê a chance dele ter um Remake, que é mais do que merecido.

Dito tudo isso: Daniella merecia uma segunda chance e Riccardo é um filho da puta nojento.

Ele não tem jogabilidade, ele não tem um bom fov, ele é um desastre em lore, ele tem péssimas reviews, ele definitivamente NÃO tem o povo — mas tem o meu carinho.

Eu levei bons dias para terminar este jogo, pois queria aproveitá-lo aos poucos e explorar cada fase com calma. E posso dizer que foi uma das melhores experiências que tive com jogos.

Mas o primeiro de tudo : Cineris Somnia não é um jogo para todos. Se você tem “pressa” para terminar as coisas e não gosta de personagens com um andar mais lento, você provavelmente não vai ter paciência para jogar. O que é uma pena; pois para mim foi uma experiência incrível.

Comprei este jogo sem muita esperança de gostar, mas resolvi confiar na minha intuição.

O jogo tem quatro capítulos, todos tem histórias diferentes que não tem relação entre si; Os capítulos são o Prólogo, Blue Butterfly, White Butterfly & Black Butterfly ( também recomendo jogar nesta ordem, sendo o mais fácil para o mais difícil ). Como o esperado de um walking simulator, você anda bastante pelo mapa, você se guia principalmente por papeis espalhados por eles; contam grande parte das histórias e muitas vão da interpretação pessoal do jogador para entender o que aconteceu. São histórias “simples” mas bonitas e dramáticas , te deixam pensando o que aconteceu e qual é o significado de tudo que você viu, já que os cenários também contam partes da história e o que você entende vai de pessoa para pessoa.

A ambientação do jogo me passa fortemente uma sensação de nostalgia, é de primeira vista calmo, “inocente” — Mas não demora muito para que aos poucos o ambiente vá ficando mais pesado, obscuro . Isso é algo que eu gosto muito e o jogo faz muito bem.

Gostaria também principalmente de ressaltar a fotografia estonteante do jogo, muitos podem considerar os gráficos “datados” porém, na minha opinião, é isso que deixa tudo ainda mais bonito. Tem alguns bugs visuais, mas não teve nada que me incomodou ou deixou o jogo menos encantador, é um jogo indie de uma equipe pequena (aparentemente o primeiro jogo deles) então é normal coisas do tipo. A OST também contribui demais ao ambiente, acabei não comprando ela mas escutei algumas faixas ao longo do jogo e confesso que teve algumas que apreciei demais.

Com certeza, este é um jogo que vai ficar marcado em mim. Foi uma experiência audiovisual linda, que merece muito carinho e reconhecimento. ♡