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Assim, em resumo, Pathologic 2 é um enorme arquivo despropositado. Seja por ser um remake que não consegue capturar o que o original tentou fazer - propondo-se como uma revisita definitiva na história de um dos três protagonistas que tinham caminhos entrelaçados pela praga. Ou seja mesmo pelos comentários dos Devs que parecem mesmo só quererem receber seus salários e seguir em frente com projetos mais empolgantes.
Esse jogo, na real, não inova nem na metade do que dizem.

Bem, é como se fosse uma masturbação para um Tragedian, é maniqueísta e, no fundo, tu é tão abarrotado por uma experiência que busca um extenso debate ético, mas que não consegue superar o senso comum.
Claramente o "dia" representa algo bom, a "noite" algo ruim e o "acordo" é pura preguiça e covardia em uma tentativa fracassada de retomar os temas do jogo.

Não existe os tons de cinza que dizem por ai, os quais teriam a tarefa de povoar o jogo e trazer peso às escolhas. Sim, é só mais um jogo. Não, as conversas com o Mark não são só metalinguagem - mas também não acho que seja desdém do jogo para com o jogador, todavia é outra marca de que ele tenta desesperadamente me passar uma única mensagem que, convenhamos, mal se compreende por uma perspectiva unitária em oposição à tríplice.

Oposição que não tem vergonha de se esconder num jogo que "propõe botar a moral em cheque", que na verdade deixa bem claro o caminho que você deve tomar. É a montanha ou o poliedro. Família X ou Y. E no fim você não empatiza com o Kin nunca, é sempre aquele vislumbre do exótico que não deixa de ser puro preconceito porque o jogador não é desafiado à deslocar seus valores advindos do paradigma neoliberal. No fim a sua recompensa é uma família, sim, mais uma família se forma e o jogo nunca se quer quis me convencer do contrário.

As vezes ser vago não é deixar espaço pra interpretação; colocar-se como um mistério em aberto. As vezes a motivação e os recursos acabam e as pessoas têm vergonha em admitir que não conseguiram concluir da maneira que queriam. Isso faz que a narrativa seja feito um espelho côncavo: parece profundo, mesmo assim o ponto focal está logo a frente do objeto - o jogador.

Agora a responsabilidade é sua, porque, teoricamente, o jogo deu todas as ferramentas na sua mão, se você não entendeu, você é burro. Mas isso não passa de uma tentativa de dar propósito às mecânicas que a narrativa rasa não consegue conter; transbordam e, o jogo que tenta ser misterioso, acaba explicando demais.

Não é que Pathologic 2 não tenha qualidades, suas mecânicas são interessantes, mas subaproveitadas nesse ideal de tirar leite de pedra. o jogador não é impotente ou responsável frente a tudo, mas é isso que o jogo vende pra te alienar em uma quase demagogia dos temas tratados.

Novamente, o jogo em si é um Tragedian, um ex-ator que não entendeu bem o que a peça significa e morreu em sua mediocridade.