Antes bizarro, desconcertante, agora vejo o universo displásico dos jogos de Cosmo D como estranhamente confortável, desprovido de surpresas, apesar de sua excentricidade exagerada: thrillers de espiões propositalmente vagos, com poucas palavras capazes de indagar a imaginação ao que deita debaixo dos panos; seres dísparates, bizarros, de diversos anseios e desejos, todos comunhando ao redor da música, pilar da criação em Off Peak; e claro, pizza.

Betrayal at Club Low introduz um novo elemento à equação: as plots e subplots agora se emaranham ao redor de um sistema elegante e divertido de dados, trazendo a fisicalidade do tabletop e o universo de possibilidades aquém de um imersim à fórmula de pizzaiolo 007 de seus jogos. O loop de um CRPG é condensado em um globo de neve, fazendo com que cada skill-check carregue muito mais peso e personalidade, e até o potencial de queijação desses atributos provém um ciclo engraçado de executar - save scumming aqui é um desserviço maior que em outros jogos mais “sérios”.

Ainda assim, o novo sistema não foi o suficiente para me impressionar assim como ele já havia feito no passado. Menor em escopo, Betrayal muitas vezes parece uma prova de conceito. Após três jogos explorando e comendo as beiradinhas de Off Peak, agora desejo por algo que me acerte em uma veia mais emocional - chega um ponto em que o divertido non-sense e desinteresse casual viram atrito em uma relação. Chega de só ficar: além das piadinhas e os bangers de serenata, para o próximo jogo espero que Cosmo D me conte sobre sua infância e do que gosta de fazer quando ninguém está olhando.

Reviewed on Nov 14, 2023


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