Impossível começar a falar deste aqui sem glorificar a estonteante apresentação audiovisual. Fazia um certo tempo que um jogo com gráficos 2D não me impactava tanto visualmente, principalmente pelos seus lindos backgrounds, que dispõem cenários, salas e paisagens em pixel detalhadíssimos com belíssimas e variadas palhetas de cores, além dos excelentes efeitos visuais em cada interação com os elementos dele. Os designs de cada arma, armadura, inimigo, ataque, poderes especiais, são ótimos e transbordam carisma e estilo. A gloriosa estética do jogo entrelaça perfeitamente com a trilha sonora feita pelos lendários compositores Michiru Yamane (Castlevania) e Norihiko Hibino (Metal Gear Solid). As músicas são excelentemente tecidas e encharcadas de melancolia misturando elementos eletrônicos com alguns instrumentos como piano, sax, sintetizadores, contrabaixo.. formam um verdadeiro petardo atmosférico e conseguem intensificar mais ainda o clima das áreas, tornando o simples ato de andar pelo castelo, atravessando salas, bastante imersivo e hipnotizante.

É uma pena que apesar de se destacar tanto visualmente e propor uma das estéticas mais bonitas que eu já vi neste tipo de jogo, todo o resto da experiência acaba sendo mediano ou simplório. Começando pelo level design limitadíssimo, a progressão é bastante linear, ainda mais do que outros "metroidvanias" famosos que sofrem do mesmo problema como 'Metroid Dread' e 'Castlevania Circle of the Moon'. Já nos primeiros 30 minutos já fica notório o quanto o castelo carece de bons segredos escondidos, objetivos micros ou algo que justifique ou incentive um foco mais dedicado a exploração, já que os caminhos são muito diretos se tornando quase impossível não encontrar o trajeto correto involuntariamente. Este é com certeza um dos castelos mais sem graças que eu já vi, em alguns momentos eu me senti muito mais jogando um Dungeon Crawler linear, do que realmente um metroidvania. É realmente muito triste que um jogo tão promissor falhe no elemento mais importante que este tipo de experiência pode proporcionar.

Em relação ao combate, ele é bem simples, e não se difere muito daquele padrão de ataca, pula, esquiva. Presente na maioria dos jogos do gênero, e no geral é satisfatório apesar de simples, os combos são legais e a movimentação é prazerosamente ágil. Ele tenta trazer algumas boas ideias, como sendo a principal delas a integração das barras de vida e de magia, que são bem implementadas e trazem uma certa dubiedade, já que constantemente o jogador se encontra em situações aonde o mal gerenciamento disso o levará a morte, o grande problema é que apesar de ser uma ideia boa, a execução também é simplória e não evolui em quase nada até o final do game, problema esse que é intensificado pela forma igualmente simplória que os inimigos se comportam, já que cada um deles é basicamente uma cópia de inimigos de outros metroidvanias, eu diria que o bestiário é o segundo maior defeito do jogo, é bizarro como não tem sequer 1 oponente que eu já não tenha visto se comportando da exata mesma forma batida que inimigos de outros jogos. E não para por aí, os chefes sofrem desse mesmo defeito, basicamente o que todos os inimigos desse jogo têm de carisma, estilo e criatividade estética eles carecem de personalidade e originalidade.

No geral, 9 Years é um metroidvania bom, mas bastante simples, que não se destaca em quase nada das outras centenas de jogos do estilo, a não ser pela sua magnífica apresentação audiovisual e construção artística. Além disso, a performance apresenta várias quedas de frames que acabaram não comprometendo muito minha experiência mas que eu recomendaria aguardar por futuras atualizações que corrijam este problema.

Reviewed on Mar 28, 2023


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