"Dreams... Ideals... People are frequently willing to risk their lives for them. Then is it better if they don't dream...?"

A temática de boatos, que vem da crença japonesa chamada de "Kotodama" [言霊], é trabalhada textualmente causando dicotomia entre o autodescobrimento e aceitação dos personagens, característico da saga, e entre o vilão, Joker, cujo espalha mentiras para mudar a realidade, a rejeitando. Sua progressão e escolhas são interessantes, indo de simples desejos a teorias da conspiração e absurdos, envolvendo nazistas, maias, alienígenas, além das simbologias para mitologias, como grega, romana e até mesmo para o meio H.P. Lovecraft. Além disso, a mecânica é mesclada a gameplay de uma maneira criativa, espalhando rumores por si mesmo decidindo os itens e valores dos mesmos nas lojas. Seu maior destaque é sua narrativa junto à exploração de seus personagens, na psique humana e no autodescobrimento, todos acompanhados de bons conflitos e subtextos dentro da temática. Apesar de seu início lento (necessário para uma progressão não forçada de escala), ele é carregado pelo carisma da interação do grupo, com o narcisismo do Eikichi, as paixões e bobeiras da Ginko, e principalmente a Maya, com seu humor despreocupado e seu otimismo quase "tóxico". Todos resultam em uma interação divertida, além de trabalharem amadurecimento para cada um dos personagens. Grande destaque para o Joker, não só com grande expressão visual, baseado em uma tradição de assaltantes mascarados, mas também a aparência de palhaço enfatiza suas ações de roubar sonhos, além do significado de sua flor, uma Íris, que significa vingança. A história entrega devidas conclusões a seus personagens, com suas revelações e plots, se tornando ainda mais denso e instigante em suas discussões sobre sonhos, ideais, vida e vontades.

Seu maior defeito é sua gameplay, a principal característica da série Megaten é a exploração de suas mecânicas para se aproveitar das fraquezas do inimigo, onde nesse jogo é inútil pois seu balanceamento é inexistente, grande parte dos inimigos tiram 1 de HP, e caso você explore das mecânicas básicas, você destrói o jogo, como buffs/debuffs, já que eles não castam Dekaja e nem revidam tais. As lutas se tornam batalhas de paciência, já que não há desafio, seus personagens só morrerão se o inimigo castar uma skill de HK death/light, de resto, será uma luta longa contra um inimigo "esponja de HP". Para não julgar como um completo absurdo, dá para tirar certas estratégias organizando a ordem dos ataques, e low level dá para forçar um desafio em certas lutas. Apesar de eu gostar do sistema de Demon Talking, pois as interações são divertidas e caracterizam muito dos personagens, com uma variedade boa de comunicações, eu não acho convidativo, já que não só não é necessário diversidade de personas, como também é robusto demais na quantidade de variações, além de envolver RNG em uma mecânica 80/20 de reações, e se tornar repetitivo em não muito tempo. Uma grande critica pública ao primeiro jogo era a câmera first person em dungeons, assim a mudando nesse jogo, uma melhoria pois não só ajuda no enjoyment da exploração, mas também na expressividade dos personagens, com todos na tela se movimentando e se expressando continuamente sobre os acontecimentos, as vezes até sobre o que outro esta falando na mesma situação, novamente caracterizando na interação.

Seu lado artístico continua um destaque, como sempre vindo do Kazuma Kaneko... a quantidade de variação de cenários e seus tamanhos para as dungeons é impressionante para a época de PS1, e eu acho os sprites muito expressivos. Os personas principais são bem bonitos, além de carregarem muito significado, é interessante a transição de mitologia romana a grega em seus nomes, e suas escolhas especificas, como Apollo e Artemis, deuses do sol e da lua, fazendo jus a relação do Tatsuya com a Maya, ou também o Eros, da Ginko, sendo o deus grego do amor (e ela o arcana Lovers), e todo seu subtexto de querer amar seu pai e se adequar as suas vontades, mas ser impedida por si mesma. Seu lado sonoro, mesmo sem o Shoji Meguro, continua impressionante, com boas composições, além de ser o primeiro jogo com voice acting, mesmo que extremamente limitado.

Eu já antecipava que seria datado mecanicamente, o que fez que minha frustração fosse menor e eu pudesse aproveitar melhor suas qualidades, que são enormes para seu lado narrativo e de sua exploração de seus personagens, além do lado criativo de sua temática e suas explorações malucas para mitologias e conspirações, se consolidando como um dos melhores em seu meio.

Reviewed on Aug 21, 2023


3 Comments


9 months ago

Vai emendar no Eternal Punishment?

9 months ago

@CDX sim, meu próximo jogo.

9 months ago

Quando fizer review me marca! Fiquei curioso pro que tu vai achar dele.