"I am simply myself. No more and no less. And I want only to be free."

É impressionante como Final Fantasy consegue se reinventar a cada título, todos com mecânicas e execuções completamente diferentes. O desse caso, um RPG imperial com exploração em um semi mundo aberto em 2006, é audacioso, e único.
Com sua temática politica onde o império controla as cidades, no totalitarismo, seguido de uma guerra fria e direta entre seus países, exerce um lado muito diferente a série, muito disso advindo de Star Wars, é impressionante o quanto esse jogo se inspira nos filmes, não só na presença do império, como visualmente nas naves e seus embates, como até em seus personagens, Balthier carrega uma função muito similar ao Han Solo. Me impressiona sua execução de diálogos ter muito dessa vibe Shakespeariana, muito se parece uma peça teatral, e sua narrativa, que apesar de passar por suas quedas de ritmo, segue uma execução diferente, de mais foco na realização pessoal textual de cada personagem do que uma temática geral. Mas sim, há presença de temas, o principal sendo a aceitação do luto, e claro, a liberdade das amarras do império. Eu sempre fico fascinado com o World Building da série, todos os jogos me prendem no mundo de forma a ficar curioso com o que irá acontecer com seus personagens.

Seus personagens contribuem positivamente para tal, a Ashe tem conflitos muito bons de como tratar de sua inimizade aos reinos, se devera ter ódio e vingança ou não, o Balthier carrega sendo o mais carismático (e um dos melhores da série), Basch com seu tema de lealdade, e a Fran com um dos subtextos da obra, que é esse valor do natural em comparação ao manufaturado, além de eu amar a parceria dela com o Balthier. E sobre o Vaan? É um caso peculiar, eu gosto desse crescimento dele de perceber que mentia em seus propósitos para se enturmar a situação, e como cada vez mais ele se parece com um pirata, mas sim, ele apenas serve como uma visão de fora do conflito para identificação do jogador, e a Penelo é basicamente o mesmo, só que mais falha. E junto de tudo isso, a interação de todos como um grupo é ótima, tanto no humor quanto no plot, gosto como se trabalha vários núcleos menores e também um maior de todos juntos.

Uma crítica muito específica quanto ao jogo é a utilização das cutscenes em CG, no FF10 há utilizações tão boas, e nesse jogo me incomoda como elas só são usadas para expressar a grandiosidade dos lugares, naves e outros, e pouco usada em momentos chaves da história, muitos momentos teriam mais impacto se usado corretamente.

Sua história unicamente não é o suficiente para carregar toda a experiencia, e por isso temos um dos maiores brilhos do jogo, sua jogabilidade. Seu maior destaque, o sistema de gambits, é prazeroso planejar suas situações com "if's" nas batalhas, quase como uma programação de computador, e aos que dizem que automatiza o combate de maneira tediosa, eu discordo, o jogo balanceia o suficiente para sua estratégia não ser inteiramente nos gambits mas sim intervir sempre em momentos chave, principalmente em boss battles. Você montar sua estratégia contra o inimigo, e ver ela funcionando ao seu controle é muito bom, e sempre que necessário, ligar e desligar gambits e agir por você mesmo. Minha única crítica vai ao sistema de Esper, fica mais como uma opção "for fun", porque não há situação que seja mais útil do que jogar normalmente, o mesmo quase pode ser dito dos Awakenings, mas eles tem seus momentos de utilidade, além de terem lindas animações. É irônico o quando poder acelerar nesse port do PC coincide para uma melhor experiência, por conta dos mundos enormes e a automação do combate.

Tudo que se refere ao visual é encantador, principalmente em seus cenários, acho tudo muito expressivo em relação ao quanto os lugares estão destruídos e acabados, e essa mesma estética acompanha seus personagens e inimigos.
Eu tenho muitos problemas com o level design, por conta dessa certa liberdade que você tem para ir em qualquer área desde o começo do jogo, eu sinto que nenhuma cumpre um papel digno ao momento que você vai, a curva de aprendizado não é funcional, tudo no começo é muito punitivo em relação ao seu personagem, e mid-late game, quando está com uma arma forte e muitas curas, todas as outras ficam fáceis.
Além disso, é detestável a utilização dos checkpoints (bonfires), você só encontra uma a cada boss que derrota, e é de conhecimento comum que após um boss, ira demorar um pouco para o próximo, então sim, a distância de um checkpoint para outro é grande pra caralho, e não, os atalhos não cumprem sua função o suficiente. No começo é insuportável pelas limitações (principalmente de cura), depois apenas cansativo. De suas 5 áreas, duas foram razoáveis, duas terríveis, e destaco como bem executada a Tower of Latria, disparado o melhor lugar do jogo, tudo se comunica para a melhor experiência, seja seu visual aterrorizante, os áudios desconfortáveis ou o level design racional.
Tenho problemas com moveset de certos inimigos, mas relevável, e sobre suas boss fights, é engraçado quantas apostam em gimmicks mais do que o combate, que por consequência acabam tendo ideias boas mas execuções ruins, destaco como acertos em combate o Penetrator e Old Hero, e a Fools Idol pela ideia.
Acredito que na época fosse sim impressionante pela tamanha identidade no meio de outros, afinal, os elementos de soulslike estão lá, só não exemplares em execução, mas após jogar qualquer outro soulslike da From, o jogo perde seu brilho, o primeiro Dark Souls saiu não tão depois e melhora TUDO que há como característica de seus jogos.