Uma história que facilmente seria algo saído do Wes Craven. Alan Wake 2 é o jogo mais impressionante que eu já joguei nos videogames, e não somente em gráficos ou estética, mas principalmente na sua história. Depois de 13 anos, acompanhar uma história completamente metalinguística, e ocasionalmente metafictícia, que te proporciona suspense e terror investigativo a níveis de "Seven, Zodíaco e True Detective", é um prato cheio.

Cada linha de diálogo deste jogo, é uma perfeição milimetricamente arquitetada do que significa ser imperfeito, porém, perfeito. Sei que é confuso e paradoxal, mas não tem como falar da escrita e narrativa de Alan Wake 2, sem mergulhar no que ela é. Nossos medos, nossas angústias, e a ansiedade com a qual lidamos diariamente, seja ela um problema grande ou mínimo na sua vida, ainda assim, vai te derrubar. Você precisa enfrentar.

Aquele medo, aquela dúvida, aquela incerteza e principalmente a falta de orçamento, que tanto faziam com que Sam Lake não conseguisse dar vida a sua obra máxima, enfim, foi vencido. Talvez egoísta fazer um jogo de um calibre tão absurdo, como o mesmo evidencia dentro de sua própria obra, mas com certeza um "mal" necessário.

Mais trabalhos gráficos, mais cutscenes imediatas fritando o teu SSD e o teu processador, além de exigências absurdas, mesmo com placas de vídeo mais potentes ou com consoles mais novos. Além de toda a psiquê junguiana presente em Alan Wake 2, ele ainda tem a coragem de brincar com a metalinguagem, falando sobre mim, sobre você, sobre a tecnologia, sobre as pessoas ao nosso redor, sobre o impacto que cada uma das formas de mídia tem em cima das pessoas, e principalmente, sobre o próprio Sam Lake.

Escrever o retorno de algo tão aguardado, é uma tarefa absurdamente difícil. Você se encontra perdido numa espiral infernal de ideias, dia após dia. Encontrar o final, não é nada fácil. As vezes a gente só precisa terminar, ao invés de deixar as coisas em aberto e enrolar até o fim.

Ainda existem problemas em Alan Wake 2, mas é também sobre isso que ele quer discutir. A arte é o que ela é, os problemas fazem parte da sua existência, e a perfeição está em como iremos lidar com a imperfeição do ser humano, em qualquer uma das áreas da sua vida, que também impacta diretamente na forma como ele se relaciona com a arte que consome, e consequentemente com a arte que produz.

Louco. Podia ficar horas falando sobre Alan Wake 2. Esse jogo é fenomenal. O melhor que já joguei na vida, e agora, definitivamente, um dos meus favoritos de todos os tempos.

Reviewed on Jan 13, 2024


Comments