esse prólogo engana ein...

se eu tivesse jogado isso antes do jogo principal, acho que eu teria ficado mais hypado e provavelmente a decepção seria maior.

"When I'm gone, they'll just find another monster."

Durante meus anos finais de PS3, eu conheci o tal do Red Dead Redemption, que pelas minhas fontes na época, falavam que era o melhor jogo da Rockstar ou um dos melhores (o tal do GOAT)... logo fiquei ansioso para experimentar, então comprei a versão digital do jogo pelo Mercado Livre (que na época era mais barato do que na loja da Playstation), mas ao mesmo tempo, meu PS3 tinha decidido dar algum bug de sistema, que me impossibilitou de baixar o jogo (ou qualquer jogo que eu tinha disponível)... então acabei perdendo a chance de jogar Red Dead e nunca mais pude retornar... até porque depois de um tempo acabei vendendo meu PS3.

Então decidi esperar por um port da Rockstar para consoles mais atuais ou até mesmo para PC, afinal... não é possível que eles iram deixar um jogo desses se tornar um jogo perdido na geração do Xbox 360 e PS3... então esperei, esperei, esperei... e depois de 13 anos, o port que recebemos é somente para Nintendo Switch e PS4...

Eu não tinha Switch (ainda não tenho) e no PS4 ele tava custando uma facada... então acabei largando a mão, mas então finalmente criei vergonha na cara de jogar, nem que fosse por emulador... e quando descobri que justamente, o jogo estava de certa forma "bem otimizado" no Yuzu, então já fui jogar que nem louco.

E como resultado, já posso adiantar aqui: esperava encontrar um dos GOAT's dos games, mas acabei encontrando... um bom jogo, apenas.

Pra mim, um dos principais pontos pontos negativos do jogo é a estrutura saturada de missões da Rockstar... durante o jogo, você enfrenta missões totalmente repetidas que apresentam quase que o mesmo objetivo na maioria das vezes, sem nada muito variável e isso pra mim deixou tanto a gameplay quanto o combate de certa forma maçantes, as side quests no geral, acabam sendo mais interessantes do que as principais em alguns momentos. Na época que ele foi lançado, lá em 2010, talvez não era um grande problema, mas hoje é muito escancarado esse padrão que a Rockstar faz nos seus jogos, principalmente os mais antigos. As minhas missões favoritas do jogo, é justamente as suas últimas, onde ele tenta fazer algo diferente diante do contexto que o jogo se encontra e te prepara pra pedrada que é a última missão, muitos provavelmente acharam essas missões chatas, mas eu amei cada segundo delas. Outra coisa que o jogo infelizmente torna muito maçante, são as atividades extras e a exploração do mapa.

No mundo de Red Dead você pode fazer algumas atividades como caçar, coletar plantas, realizar patrulhas noturnas, ou domar cavalos e tudo mais, mas essas atividades são tão chatas de fazer, que caso alguém for jogar sem ter a intenção de buscar o 100% do jogo, essas atividades vão passar completamente batidas, e com razão, porque são atividades que no final não vão te recompensar em nada... e pra quem busca o 100% (que foi o meu caso, ou pelo menos tentei, fiquei com 87% no final), só vai ficar muito entediado, porque assim como as missões, é tudo muito repetitivo. É como se a Rockstar apenas tivesse colocado essas atividades no jogo, apenas pra não acharem o mundo "vazio", mas na execução, são funções que não tem nenhum propósito no final. Mesmo que em questão de gameplay, o mundo de Red Dead seja "vazio", o mesmo não posso dizer em narrativa, as ações que você toma em sua jornada, o que acontece nas missões do jogo, repercutem no mundo de Red Dead, e narrativamente, isso deixa seu mundo mais vivo, uma pena que na gameplay não é afetada da mesma forma.

Porém, o que eles erram em exploração de mundo, eles acertam em imersão e level design, pois cavalgar pelo Velho Oeste nesse jogo, é absurdo... eu facilmente, em um dia aleatório, abriria o jogo apenas pra ficar cavalgando aleatoriamente pros lugares pra relaxar, em diversos momentos aparecem algumas atividades aleatórios, como salvar alguém de um tiroteio ou realizar algum duelo com algum fora da lei, que só incrementam mais na imersão e atmosfera do game. Durante todo o jogo, eu fiz questão de não realizar nenhum fast travel... não importa se meu objetivo estava no cu do mapa ou na puta que pariu que for, eu ia sempre a cavalo, apenas pra não estragar a minha imersão e conexão com aquele mundo.

Na história acompanhamos a trajetória de John Marston, que está tentando deixar pra trás tudo aquilo que ele fez como fora da lei em seu passado, para ter uma chance de redenção pra ficar com a sua família, entretanto ele ainda tem certas pontas soltas que ele é obrigado a resolver. Infelizmente, antes de jogar Red Dead 1, eu já tinha alguns spoilers do final do jogo, e pior... eu ainda tenho alguns spoilers do Red Dead 2, mesmo que sejam spoilers fora de contexto, mas mesmo sabendo do pouquinho que acontece no segundo jogo (o que eu sei não deve ser nem a ponta do iceberg), a história do primeiro jogo ganha tanto peso, ganha tantas camadas em volta do John e de seu passado, que pra mim é quase impossível analisar somente a história do primeiro jogo como algo separado, a história ainda não ta completa o suficiente pra eu avaliar, preciso de mais... se eu não soubesse nada do segundo jogo, ai sim eu poderia analisar a história do primeiro jogo de forma separada... eu diria que é consistente, tem ótimos momentos, é uma história que da pra se manter preso, mas... infelizmente (ou felizmente) eu sei de algumas coisas sobre Red Dead 2 e por consequência, isso acabou aumentando muito o nível de narrativa do Red Dead 1 e me entregou uma história ainda pela metade, eu preciso da outra metade pra dar um veredito final... é algo parecido com Better Call Saul e Breaking Bad, que existindo ambas, não dá pra assistir somente uma delas e sentir que viu a história completa, ambas se complementam muito e elevam mutuamente o nível de qualidade.

No quesito personagens, o carisma de John Marston carrega muito o jogo nas costas, da pra contar nos dedos (e não vão ser preciso de muitos) quantos personagens de Red Dead são interessantes ou carismáticos... o resto, parece ser personagens já estereotipados e padrões da Rockstar.

A trilha sonora é excelente, destaque para a música Far Away, que me arrepia até agora quando escuto e os gráficos são bem bonitos, mesmo que seja um jogo de 13 anos atrás.

Eu passei minhas últimas horas de jogo, apenas cavalgando pelo mapa, absorvendo por uma "última vez" todos os elementos daquele mundo, mesmo o jogo tendo pra mim seus altos e baixos, eu acabei criando muita afeição pelas coisas boas do game, então "me despedir" dele foi o mais difícil. Não sei quando jogarei Red Dead 2, mas sei que provavelmente será uma experiência do caralho... Red Dead 1 tem seus erros comigo, mas no que ele acertou, acabou me afetando pra caralho e imagino que o segundo jogo deve errar menos e acerta mais ainda nas coisas boas, existindo até mesmo uma chance de me fazer gostar mais ainda do primeiro.

Uma DLC que provavelmente na época que lançou, ninguém esperava que poderia ter... surfando no hype que o tema de Apocalipse Zumbi estava começando a ter em 2010. É uma expansão, onde basicamente o Red Dead abraça a galhofa do gênero e faz algo bem divertido...

Da pra ver que a DLC se inspira bastante em filmes de terror de zumbi, é muito notório isso na direção do jogo, em diversas cenas ele se parece com um filme dos anos 80 (ou até mesmo 70), e como sou um entusiasta do gênero terror, no geral, essas pequenas referências me agradaram bastante.

Por ser uma expansão que não se leva tão a sério, então tem muitas piadinhas e momentos irônicos na história, não que no jogo principal já não tivesse uns momentos assim, mas aqui é muito mais "exagerado" e engraçado.

Como sempre pra mim, John Marston continua roubando totalmente a atenção do jogo... e como aqui é uma história menos "séria", então ele ta mais solto pra fazer umas piadas e ser mais carismático ainda...

No geral, é uma DLC bem divertida de jogar, terminei com 69% de progresso... infelizmente eu não me senti muito incentivado em buscar os 100% (assim como o jogo principal), por ter umas tarefas muito chatas de fazer, mas ainda tentei pelo menos fazer o máximo que dava durante minha zerada.

"As long as there's music, I'll keep on dancing"

Um jogo feito pela Platinum Games, sobre uma bruxa sexy que usa pistolas nos pés e também abusa de seu cabelo para invocar demônios e que mata seres com aparências "angelicais", dirigido pelo Hideki Kamiya, criador da minha franquia favorita de Hack'n'Slash, e claro... polêmico... muito polêmico (até hoje)... tinha como dar errado?

LÓGICO QUE NÃO PORRA!!

Bayonetta é o puro suco do esmaga botão, ainda sendo feito pelo cara que praticamente popularizou... ou melhor, talvez não seja prepotente em dizer, que patenteou o gênero do Hack'n'Slash... aqui ele acerta mais uma vez em criar um combate com identidade, originalidade e gostoso de bater, talvez uma das coisas que mais atrapalha o combate é a câmera (que parece ser uma maldição recorrente do gênero que não sai nem por reza, não importa o jogo).

Falando em identidade, é algo que o jogo sustenta até o final seja em trilha sonora, direção, cenários, inimigos e obviamente, os personagens... que conseguem ser bastante carismáticos e extravagantes, principalmente se falarmos da Bayonetta, que carrega toda aquela polêmica da "sexualidade exagerada" em cima dela, porém na minha visão, existe uma função em cima dessa sexualidade... além de obviamente proporcionar cenas totalmente bizarras e cômicas... muito além de criar esse tipo de cena, essa sexualidade em volta da personagem conversa muito com a sua personalidade e seu jeito de lidar com as situações que ela enfrenta. A Bayonetta é extremamente soberba (mesmo ela sabe disso), seja no quesito força ou beleza, então ela não se importa em destacar seus pontos mais fortes, muitas das vezes pra demonstrar confiança, demonstrar que não possui fraqueza em nenhum quesito sobre si, diante de qualquer situação complicada (como ter que lidar com uma possível destruição do mundo inteiro), ademais de também querer provocar e zoar seus inimigos, então a tal da sexualização polêmica que ronda a personagem, na minha interpretação, vai muito além do que só mostrar que a personagem é sexy, tem um propósito envolvido e que funciona.

A história admito que com o passar do tempo, eu já não curtia tanto, principalmente levando em consideração quando ele tenta ter uma carga mais "dramática" perto do final... eu não acho que funciona tão bem assim, principalmente quando praticamente durante a metade inteira do jogo, a história é totalmente quase uma novela de tão escrachada, então não acho que o jogo conseguiu misturar bem essa super comédia e o tom de seriedade em alguns momentos... sem falar no recurso de roteiro safado, conveniente pra caramba, no final do jogo, que não faz sentido nenhum. Além de também alguns personagens que muitas vezes parecem não ter exatamente motivações tão claras no enredo para estarem ali.

Existem algumas missões, que MEU DEUS DO CÉU, POR QUE ELAS EXISTEM??? como a famosa missão da moto, que é horrível, ou até mesmo a missão que você controla um míssil.... são horríveis em level design e até mesmo jogabilidade.

As boss fights, são INSANAS... são muito FODAS, são bem equilibradas (uma hora os filho da puta te bate, outra hora tu apanha), mas.. durante o progresso do jogo, começa a rolar uma repetição, uma repescagem de boss fight... então o mesmo boss que tu matou na missão 4, aparece mais 3 vezes depois pra tu matar de novo, em uma versão mais nerfada... e po... é meio broxante... não sei o motivo pra essa repescagem, não sei se foi proposital, mas é zuado.

Bayonetta por muito tempo foi meu porto seguro... sempre que não tinha vontade de jogar absolutamente NADA, eu entrava na minha Steam e instalava o jogo, e sempre com a ideia de: "AGORA SIM, EU FAÇO 100% DESSA PORRA"...

Essa minha promessa durou 4 anos... de tempos em tempos (mais especificamente uma vez por ano), eu sempre jogava Bayonetta por um ou dois dias, pegava uma conquista ou outra, mas no final eu sempre acabava largando o jogo e voltava a jogar somente no próximo ano, então com o passar do tempo, eu fui fazendo 100%, porém bem aos pouquinhos... até que em pleno 2024, finalmente decidi que já era hora de terminar essa nossa relação confusa... e devo dizer, zerar isso aqui na dificuldade mais difícil, é um teste de paciência... mas valeu a pena... a platina do jogo é desafiadora, porém gostosa de fazer.

Extra: a versão "Fly me to the Moon" dessa porra é viciante e é um pecado que não tenha no Spotify.

"Do you feel like a hero yet?"
(Você se sente um herói?"

Não... em nenhum momento, me senti um herói.

Enquanto eu jogava, eu me senti um conquistador... com uma sensação de falso heroísmo, mas o que me carregava durante o jogo, era uma promessa onde os "fins justificavam os meios", certo? na verdade não, isso era apenas uma falsa justificativa, algo para você se enganar...

Nada o que se faz no jogo é de fato heroico ou recompensador, e isso acontece desde os primeiros minutos do jogo, onde seus primeiros inimigos que você mata, sem pensar duas vezes, eram pra ser as pessoas que você deveria salvar... e depois, você começa a matar seus próprios aliados, depois uma cidade inteira, até que você começa a matar tudo que transmite vida na sua tela... e se você não aperta o gatilho, você morre e não termina o jogo.

Durante essa jornada, o jogo te faz esquecer qual era seu objetivo principal nisso tudo e te obriga a seguir em frente enquanto toma decisões horríveis (ou pelo menos, que na visão do personagem, seriam "as certas"). Spec Ops desconstrói a narrativa do herói e também o jogador...

Infelizmente, é um jogo preso na geração do PS3 e Xbox 360 e foi retirado da Steam, então o único meio de jogar, é através da pirataria (ou se você ainda tiver os respectivos consoles)... é uma experiência sobre os desastres da guerra que impacta muito, principalmente quando o principal causador delas, é quem está jogando.

Porém, existe uma contraparte... ao jogar na dificuldade mais difícil do game (que por sinal esse deve ser um dos jogos mais difíceis que já joguei de tiro), a sensação de passar cada parte, é um alívio... porque É DIFÍCIL PARA UM KRLH ESSA PORRA... então, você começa a entrar mais ainda no estado mental dos personagens, onde cada bala conta e cada inimigo que você mata é um passo pra concluir o jogo, ou seja, um passo pra vitória, onde você já não se importa mais quem os inimigos são e apenas atira para sobreviver.

Mas como diria uma das telas de loading do game:
"Isso tudo... não é real, então por que você se importaria"

Se tiverem a chance, JOGUEM SPEC OPS: THE LINE.