O melhor: A melhor combinação de Shooter, Puzzle e Slow Motion desde SUPERHOT
O pior: Alguns desafios extras são um tanto obtusos
Crossover que provavelmente não veremos: Esse jogo com Cult of the Lamb (2022), também publicado pela Devolver

Children of the Sun é um jogo de tiro e puzzle, sobre uma garota querendo vingança contra o líder de um culto. A primeira coisa que chama a atenção sobre o jogo é sua estética: os gráficos low-poly, as cores berrantes (que remetem a outros jogos publicados pela Devolver, como Hotline Miami), os sons distorcidos e muito sangue. Há algumas cutscenes feitas num estilo visual de HQ que dão mais contexto ao que está acontecendo, mesmo de modo geral a história sendo bem simples.

Mas o que ele tem de interessante mesmo é o seu gameplay: Munida de uma sniper com uma única bala, e um poder de telecinese, a Garota deve rodear o cenário de cada fase, marcando os inimigos visíveis, escolher o melhor ponto de início, e atirar. Se a bala acertar um alvo, a mesma pode ser guiada para um próximo. Se errar, é necessário reiniciar a fase. Então, o que pode parecer um Shooter em uma screenshot, na verdade se revela um jogo de puzzle tático, onde o objetivo é descobrir a maneira mais eficiente de guiar a bala pulando de inimigo para inimigo.

Progressivamente são adicionadas mais mecânicas que favorecem tanto o jogador (aumentar a potência do tiro, guiar a bala durante sua trajetória) quanto os inimigos (inimigos com armadura ou com escudos que desviam seu tiro), mas, com exceção talvez da última fase, ele nunca fica desnecessariamente complexo. Até porque é um jogo bem curto, então no momento em que parece que ele vai exigir demais, o jogo acaba. Infelizmente não há muito o que fazer após os créditos, a não ser tentar obter melhores pontuações em cada fase.

É um jogo com muito estilo, com uma mecânica bem interessante, e que pode ser finalizado em uma única sessão em meio a tantos jogos gigantescos. Talvez o preço atual não o favorece muito, pela duração do jogo, mas com um desconto ele é bem recomendável.

O melhor: A pixel art estupenda
O pior: A metade final é um monstro devorador de fichas
Pior momento: Morrer logo após pegar uma arma...

Uma das maravilhas do mundo moderno é poder jogar vários clássicos dos arcades de décadas atrás sem se preocupar com fichas ou ambientes insalubres. No caso de Metal Slug, isso ajuda a apreciar mais todo o trabalho feito nas animações dos personagens e dos cenários.

Essa primeira versão é a mais, digamos, "pé no chão", sem os alienígenas e monstros que aparecem nos demais jogos da série, e com vários cenários urbanos. O design dos chefes é mais simples (de novo, comparando com o que veio depois), mas o tanto de animações que ocorrem nos cenários é muito impressionante. Vários objetos destrutíveis, mudanças em estruturas e terrenos, tudo na mais bela pixel art. É algo que facilmente empurra o jogo até o seu final (considerando que, com apenas 6 fases, dá pra terminar em menos de uma hora).

Obviamente, por ser um jogo run 'n gun de arcade, o desafio é bem elevado. Acho que até a terceira fase as coisas são bem gerenciáveis, prestando atenção dá pra passar de tudo com uma ficha. Agora depois disso o jogo te coloca em situações que só memorizando mesmo, com inimigos aos baldes vindo de todo lado do cenário, e tanques que demoram bastante para serem destruídos. Dá pra entender o porquê é assim, mas a escalada na dificuldade depois de fases iniciais bem justas não deixa de ser frustrante.

Inegavelmente um clássico. Pretendo ir jogando os demais da série sempre que quiser terminar algo rapidamente, é provável que o que eu escrevi aqui valha para os outros também, mas esse tipo de diversão nunca é demais.

O melhor: Os visuais coloridos e a jogabilidade rápida
O pior: Problemas com câmera e checkpoints
Nome de NPC que me fez soltar um arzinho pelo nariz: "Van BioDiesel"

Yellow Taxi Goes Vroom é um jogo de plataforma 3D collectathon, com um toque de Crazy Taxi. Controle o pequeno táxi movido a corda e colete as engrenagens para evitar o dano causado ao mundo pelo óleo, que é espalhado pelo maligno "Alien Mosk", dono da empresa "Tosla"... não sou lá muito fã do humor do jogo, mas isso não é importante aqui.

O principal diferencial desse aqui para os clássicos do gênero está nos controles. O carro é controlado de modo tradicional, com botões para acelerador e freio/ré, e há também um botão de dash, e só. Isso mesmo, não há um botão de pulo em um jogo de plataforma, ao menos não do jeito convencional. O ideal é aproveitar todas as inclinações no cenário como rampas para usar o dash (a física dos objetos é um tanto esquisita e pode levar um tempo para acostumar), e também, apesar do jogo não deixar isso tão claro assim inicialmente, é possível apertar o botão de dash novamente durante a animação inicial, o que faz o carro cancelar o dash e ganhar um pouco de altura, que faz muita diferença ao navegar pelo cenário. O uso de um único botão para essas manobras é algo que pode ser tão interessante (é bem divertido praticamente voar pelo cenário quando certas técnicas são dominadas) quanto frustrante (alguns momentos que exigem mais precisão podem causar muita raiva), mas é o que torna esse jogo único. Bem mais do que o seu visual retrô (bem caprichado), sua trilha sonora vibrante (mas um tanto repetitiva) e o seu humor de referências (que sempre tem quem goste).

As várias fases tem, em sua maior parte, um ótimo level design. Há uma boa variedade de cenários diferentes, e o gameplay pode mudar de acordo com a fase: em algumas a câmera vira top-down e o controle do carro fica inteiro no analógico, em outras há um tempo limite e o jogo vira de fato um Crazy Taxi, com passageiros diversos para transportar pela cenário. Há diversas moedas (utilizadas para comprar cosméticos para o táxi), engrenagens (que liberam novas fases) e coelhos (itens mais secretos que são usados após terminar o jogo) em cada uma dessas fases, e muitos deles estão em lugares que, à primeira vista, parecem inacessíveis. Então a exigência de domínio da jogabilidade é bem alta aqui para quem quiser fazer 100%. Fãs do gênero que gostam de desafio vão ter muito o que aproveitar com esse jogo.

YTGV é um jogo com muita personalidade e bem confiante no que se propõe a fazer. Eu tive alguns problemas com a câmera (não há exatamente um controle completo da câmera, diversas vezes tive que recorrer ao Photo Mode para localizar itens pelo cenário) e com o sistema de checkpoints (às vezes, após uma queda, o jogo pode te retornar numa plataforma não muito favorável), além do tom geral do jogo não ter me cativado tanto. Mas é sempre admirável quando um jogo se propõe a fazer algo diferente num gênero tão clássico. Então vale o teste para quem é fã do gênero (tem demo disponível no Steam).

Um excelente álbum do Tim Follin que vem junto de uns minigames bem esquisitos e uma das ferramentas de desenho mais bizarras que já vi.

Como party game deve funcionar melhor pra fazer todo mundo curtir a música da tela de título do que tentar entender o que são cada um dos garranchos propostos pelo jogo.