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152h 0m

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2 days

Last played

June 17, 2024

First played

May 14, 2024

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"Nossos erros do passado não nos definem. É como aprendemos com eles e crescemos que realmente importa."

Persona 5 Royal foi uma puta aventura, uma puta lição de vida e um puta jogo. O original já era fantástico, um dos melhores jogos de todos os tempos, e essa versão expandida só amplifica isso, trazendo ainda mais conteúdo. Além dos novos social links e do terceiro semestre, a gameplay foi repaginada, tornando-se mais fácil e divertida que a do jogo original.

A premissa é simples e formulaica: você controla um grupo de ladrões que precisa "roubar o coração" de adultos perversos para reformá-los e torná-los pessoas melhores. Embora a ideia possa parecer um pouco adolescente e edgy, os temas abordados são pesados: abuso físico e mental, extorsão, plágio, se culpar pela morte de um ente querido, transtorno dissociativo de identidade, entre outros. A forma como a história é contada introduzindo um antagonista que é interessante e um personagem novo pra te ajudar que é igualmente cativante, acaba fazendo você se conectar bastante com o enredo. Na minha visão, pelo menos, Persona 5 tem os melhores personagens da franquia, são os que mais possuem interações diferentes, as reações mais humanizadas, os dilemas mais complexos e você dificilmente não gosta de algum deles, salvo pela Haru e o Mishima que sinceramente me davam nos nervos.

Cada reviravolta durante a campanha é algo realmente muito bem pensado, de outubro até o começo de fevereiro, a quantidade de plot twists e a profundidade dos vilões é enorme, você até acaba concordando com alguns deles, principalmente o vilão final exclusivo do Royal, já que ainda que você saiba que ele é um inimigo e queira mudar o coração dele, no fundo, você sente um pouco de verdade no que ele diz e até concorda com ele, tanto que em um dos finais do jogo você fica ao lado dele e não é um final ruim, é um final realmente bom, talvez até mais satisfatório do que o verdadeiro, mas não muda o fato de que o final verdadeiro é muito mais sobre refletir que a vida nem sempre é como você quer e que você precisa amadurecer e seguir em frente, não dá pra olhar o passado pra sempre.

Ainda nesse assunto de vilões, a evolução no sistema de dungeons em comparação ao P3 e 4 é gigantesca, cada palácio tem uma temática distinta, uma direção de arte única, inimigos variados e mecânicas novas que alteram a jogabilidade e nunca te deixam enjoar, tudo bem que o palácio do Okumura e as Profundezas de Mementos sejam um lixo absurdo, mas o restante é muito divertido. E nesse ponto entra a gameplay que é disparada a melhor da franquia, menos complexa, mas extremamente dinâmica para um RPG de turno. A variedade de animações, tanto de ataques como de Showtimes, é grande o suficiente para evitar que você veja as mesmas animações 99x durante dezenas de horas. Melhorias como a regeneração de munição, o alarme de fusão de Personas, a descoberta mais fácil das fraquezas e o uso do gancho também facilitaram bastante o jogo.

A gameplay não se limita apenas ao combate, a vida social do protagonista faz muito mais diferença do que nos outros jogos, se envolver com cada personagem é mais interessante, todos eles possuem uma história distinta com problemas distintos e você é recompensado por aumentar sua amizade com cada um deles, novas habilidades, fusões e funções de gameplay são liberadas, tornando o combate ainda mais divertido. Há também uma grande variedade de lugares opcionais para levar seus amigos, mais eventos de romance, opções de emprego e um sistema de provas melhorado, tudo isso em uma cidade viva, cheia de interações com NPCs e estabelecimentos.

Um probleminha que me incomodava no 4 eram as missões secundárias simplesmente ridículas e no 5 isso foi solucionado, elas envolvem pedidos para mudar o coração de outros personagens, fora os vilões principais, e são realmente divertidas, você é recompensado por concluir esses pedidos, podendo farmar e upar bastante, e cada historinha é interessante. A duração do jogo, que no Persona 4 era muito excessiva, só se torna cansativa no último palácio do 5, justamente por ele ter sido inserido "artificialmente", a história parece que vai acabar como no jogo original, mas acaba se estendendo. Felizmente, essa parte nova é excelente, com personagens como a Kasumi e o Maruki que são muito bem escritos, além de aprofundar a relação entre o Joker e o Akechi. Um jogo focado apenas nesses dois seria muito foda.

Algo de muito destaque no jogo é sua estética, os fortes tons de vermelho acabam por representar a rebelião que os protagonistas querem fazer contra um sistema que os mantém presos, seja pelos adultos malvadinhos, seja pela escola ou mesmo pela Velvet Room, o Joker sempre tá preso a algo ou alguém. Os gráficos envelheceram muito bem, nem parece que é um jogo de PS3 e as cutscenes animadas são belíssimas, melhor que muito anime meia bomba que sai todo ano e o detalhamento nos retratos de cada personagem nos balões de fala é enorme.

Persona 5 Royal não é perfeito, mas suas qualidades superam em muito os defeitos. Reconheço que não é para todo mundo, zerei e platinei com 152 horas, um tempo considerável para quem não pode ficar tanto tempo na frente da TV. Foi necessário um mês e alguns dias, mas para quem puder e quiser dar uma chance, é uma experiência que vai ficar na sua memória por bastante tempo. Você realmente vive a vida do protagonista e se envolve com cada personagem do elenco, a sensação de conclusão da jornada e a dor de se despedir de cada um deles no fim é algo bem real. E, claro, a trilha sonora é muito é massa.