Muramasa, embora tenha ideias muito interessantes no seu prato principal (o combate), me ganhou pela reverência e entusiasmo em que usa de suas raízes japonesas para entregar uma visão lindíssima deste Japão fantástico: texturizado por gravuras estilizadas que nascem nas pinturas de madeira do período Edo (a famosa onda) e se põe entre Baki e algum anime ecchi, a reverência folclórica pipocando em cada centímetro desse jogo - do fato de toda comida ter uma animação apetitosa específica (e uma importância mecânica/metafísica além de curar HP) ao número de espadas do jogo ser o número dos 108 vícios do folclore.

O combate se rege por uma dança interessante, governado por espadas que são recursos, armas, escudos e um meter de special - viva e morra através delas, e da vida e morte delas é posto o destino de cada encontro. Qualquer jogo que tenha um sistema de parries/bloqueios agressivos já me compra um pouco, e Muramasa encantou de cara na simplicidade e elegância do seu combate, que possui um ritmo encontro a encontro bem interessante e fácil de pegar. Infelizmente, a repetição acaba desgastando um pouco a relação; há simplesmente muitos encontros desinteressantes, e pouca variedade de inimigos que te forçam em situações interessantes; os bosses sendo os únicos pontos altos no que acaba sendo um fluxo contínuo de mesmice. Mesmice que me impediu de perseguir o True Ending do jogo, que envolve terminar as duas campanhas e coletar todas as espadas - não consegui seguir na campanha de Kinsuke depois da de Momohime quando percebi que estaria lutando com toneladas dos mesmos mobs de sempre, com apenas os chefes para dar uma quebrada na monotonia. Ainda assim, o que joguei ficará comigo - talvez mais pela absoluta lindeza desse jogo potencializada pelo pack 4K HD turbo max de texturas do que pelo combate maneiro.

Reviewed on Apr 22, 2023


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