Signalis puxa inspiração de onde pode - Resident Evil, Eva, Blame!, entre outros - e disso constrói uma peça de tom e apresentação arrebatadores, ainda que um pouco presa à fonte: uma linha tênue entre homenagem, conjuração ou plágio. É uma loucura pra mim que duas pessoas apenas tenham escrito, animado, desenhado e organizado um esforço tão carregado de qualidade e imensidão para além de suas amarras.

Brinca um pouco perto demais com a frustração, especialmente em relação à seu nada popular inventário limitadíssimo, que aqui defenderei: vejo como positivo como sua inclusão força backtracking constante em áreas que nunca estão verdadeiramente aliviadas de hostilidade, assim requerindo que seu entendimento de mapa e otimização de rota seja quiçá mais importante do que sua habilidade em combate - quanto mais você conseguir evitar, melhor na fita está para quando não houver outra opção. Existem algumas situações que considero meio sacanas, como a imprecisão geral que envolve o contato com inimigos - hitboxes ativas e controles difusos com base na proximidade são uma receita para frustração. A energia opressora de seus ambientes intercala muito bem com os puzzles, que achei satisfatoriamente calibrados e absurdamente bem apresentados, geralmente através de mudanças de perspectiva para a primeira pessoa, trazendo uma nova realidade para aquilo que de longe é distorcido e maligno - de perto tudo fica mais humano, a fisicalidade do ambiente dando corpo ao que outrora foi vivido.

Uma jornada em um inferno solitário, apoiando-se no imaginário do que já veio para projetar suas próprias imagens. Os pilares de seu mundo, alicerces de tirânica tranquilidade, ruindo ao redor de uma realidade insustentável sendo questionada. Crescendo entre as frestas de uma jaula de concreto, o amor é a onda que desmorona tudo.

Reviewed on Aug 11, 2023


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