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gessa_ reviewed Phoenix Wright: Ace Attorney

This review contains spoilers

Gostaria de começar dizendo que vou fazer essa review de uma forma um pouco diferente, escrevendo um pouco sobre o que achei de cada caso e, no final, fazendo uma síntese mais completa da minha experiência com o jogo.

The First Turnabout: Tudo começa de algum lugar, até mesmo as sequoias mais robustas começaram suas vidas como meras mudas e, assim como as gigantescas árvores, a jornada de Phoenix Wright não começou da forma mais grandiosa.

Dando a César o que é de César, o caso faz um bom trabalho em introduzir as mecânicas que guiarão o jogador no decorrer da série e ele também demonstra muito bem como era o Phoenix no começo: um cara inseguro, sem muita confiança em suas próprias habilidades, mas que sempre portou muito talento para descobrir a verdade. Porém, os brilhos desse capítulo acabam se encerrando aqui, pois o mistério é extremamente simples, pouco criativo e “bobo”, além de tanto a vítima quanto o culpado terem o carisma de uma xícara.

Ter sido o primeiro, a gênese do que é Ace Attorney, acaba sendo um motivo para não pegar tão pesado com ele, mas é inegável que ele foi superado por praticamente todos os outros casos da série. Pelo menos fomos introduzidos a uma dinâmica interessante entre o Phoenix e a sua mentora, Mia Fey, que eu com certeza vou adorar acompanhar no decorrer dos jogos!!!


Turnabout Sisters: É... nem tudo que começa bem termina bem. O mundo continua girando e nós devemos girar junto dele, o Phoenix agora não só precisa aturar e investigar a morte de Mia, sua mentora e principal ponto de referência para a vida no mundo da lei, mas ele também tem o peso de defender a irmã da vítima, Maya Fey, que está lidando com o luto e com uma total falta de esperança no caso.

Eu sinto que o principal problema desse caso é ter ocorrido cedo demais, não necessariamente pela perda precoce de Mia (que sim, seria muito legal ter ela ao lado de seu aprendiz por mais tempo) mas sim por causa do principal antagonista desse recorte: Redd White. Ele foi introduzido como um homem de enorme poder, com controle sobre uma parte considerável da política no Japão e que é basicamente imparável, mas ele não alcançou nenhuma das expectativas que nós players tínhamos sobre ele. Já que, infelizmente, ele precisou ser feito de uma forma mais burra e tola do que ele realmente é, pois o jogador médio não vai ter muita experiência com as mecânicas de gameplay e ele precisa avançar no jogo, o “Redd White hipotético” é muita lenha para o caminhão do segundo caso e ele poderia ser um roadblock muito grande para as pessoas que não tiverem muito conhecimento sobre os trials.

Ainda assim, é um caso completamente memorável que acaba sendo a base de boa parte da trilogia daqui pra frente, introduzindo personagens essenciais como Gumshoe, Edgeworth e Maya. Não é um exagero considera-lo como o verdadeiro ponto de partida da história de Phoenix Wright.


Turnabout Samurai: Eu sinceramente não sei dizer se esse caso é ou não filler. Sim, ele tem o “feeling” de um caso filler, sendo mais desconexo da narrativa principal do jogo, que é o DL-6. Porém, ele é o primeiro caso em que o Phoenix e a Maya trabalham juntos e ele possui um desenvolvimento essencial pro personagem do Edgeworth. Ele tem um crescimento considerável aqui e jogar o 1-2 e ir logo depois para o 1-4 acabaria sendo meio não natural.

Entretanto, ser ou não filler não altera em nada a minha visão desse capítulo, que é um dos mais “ame ou odeie” de toda a trilogia. Ele tem um sabor amargo, que nem agrada, mas também não é repulsivo, o que para um terceiro caso é bem aceitável. Infelizmente ele é a introdução de minha maior rival: Wendy Oldbag. Eu não consigo gostar dessa personagem, entendo que ela é pra ser um alívio cômico e uma demonstração de fanatismo romântico, com ela defendendo com unhas e dentes que o Will Powers é o culpado pois ele “jamais será o meu querido Jack Hammer”. Temos também outros personagens que não acrescentam em nada, como a Penny e o Cody, e personagens que são genuinamente repulsivos, como o infeliz do Sal Manella, mas quem salva mesmo é o acusado Will Powers, ele é muito carismático e o player genuinamente acaba tendo empatia por ele, pois no fundo ele é só um cara muito preocupado com a sua aparência e que quer fazer a felicidade das crianças.

É importante ressaltar também que o caso possui um dos momentos mais tensos do jogo, quando você está dentro do trailer com a Dee Vasquez e ela chama 4 mafiosos para “apagarem” o Phoenix. Felizmente, o Gumshoe aparece e salva o dia, mostrando mais uma vez que ele é o verdadeiro Greatest Of All Time. E falando em coisa boa, o tema do Steel Samurai é simplesmente um absurdo, meus parabéns aos responsáveis.

No geral, eu sinto que esse caso mordeu mais do que ele conseguiu mastigar, introduziram diversos personagens que foram decepcionantes, o caso foi mais longo do que precisava e, no fim, a trama do assassinato também não foi nada demais. Ele não é ruim, mas não é nada que brilhe muitos os olhos. O martelo que bate rápido demais não tem tempo para mirar, e nesse caso eles tentaram acertar em tantas coisas ao mesmo tempo que acabaram errando de forma triste em boa parte do que miraram.


Turnabout Goodbyes: Chegamos nele, o caso de encerramento do jogo original (a versão de DS adicionou o Rise From The Ashes, ele não estava incluso na primeira versão de Ace Attorney). É aqui onde tudo que foi construído se resolveria e que teríamos finalmente a resposta sobre o que foi o DL-6, os motivos do Phoenix entrar para o mundo da advocacia e a justificativa do Edgeworth ter ido para a promotoria, mesmo com o seu sonho de infância sendo se tornar um advogado de defesa como seu pai e defender os inocentes.

Se contarmos apenas os 4 casos originais, esse aqui possui de longe a melhor narrativa, os melhores twists, o melhor trial e o melhor desenvolvimento, chegando até a ser impressionante o Shu Takumi ter conseguido escrever algo tão bom tão cedo. Começando pela narrativa, todo o plot do DL-6, o trauma do Edgeworth, os 15 anos e o fechamento oficial do acontecimento, além do envolvimento de Misty Fey, mãe de Maya que sumiu depois do ocorrido, e Manfred Von Karma, principal promotor do país e o mentor de Miles. Tudo se unindo em uma escrita linda, que causa tensão, medo e alívio no jogador, e se encerra de forma linda e gratificante.

O desenvolvimento dos acontecimentos é um verdadeiro absurdo, com o Phoenix e o Edgeworth se entendendo no decorrer do caso e alcançando um respeito mútuo, com um sendo grato pelo outro por tudo que eles passaram até então. O Nick é o único ali capaz de ajudar seu antigo amigo, aquele que o ajudou lá atrás e que o inspirou a seguir o caminho da lei, já o Miles sabe que só o seu antigo amigo é capaz de ajuda-lo naquela situação, e que se não fosse por ele, ele acabaria sendo acusado não só de matar o Hammond, mas ele acabaria com a conclusão de que foi ele mesmo que matou seu pai, algo que o atormenta desde criança e que ele nunca foi capaz de confirmar se aconteceu ou não. Homens são como uma colônia de bactérias, que quanto mais calor se aplica, mais elas crescem, e foi assim que funcionou para ambos: O calor e a tensão do momento os fizeram crescer.

A dinâmica do Von Karma com o cast também é algo digno de aplausos, com ele sendo uma genuína ameaça a todos presentes, em todos os sentidos possíveis. Ele é um cara naturalmente amedrontador e apenas a sua presença já causa tensão, diferente do Edgeworth e do Payne, algo que é realçado por um “Objection” que ainda perturba meus pesadelos. Mesmo com ele não sendo o adversário mais “difícil” da carreira do Phoenix, ele com certeza foi o mais assustador, apenas ouvir o nome “Manfred Von Karma” já era suficiente pra causar medo.

Diferente dos outros casos (principalmente o Turnabout Samurai), aqui todos os personagens são essenciais para a trama, portanto todos tem algum nível de desenvolvimento, alguns maiores que outros, mas todos tem algo. Eles focaram aqui mais na qualidade do que na quantidade, não são tantos personagens secundários, mas eles são mais explorados, como a Lotta e o Yogi, que são muito mais do que “só um personagem circunstancial de caso”, além disso, vemos o retorno de Larry, amigo de infância do Nick e do “Edgey” que é um dos personagens mais polêmicos da trilogia original. Todos estavam ali por um motivo e cumprem o seu devido propósito, algo que é excelente.

O encerramento é simplesmente lindo, não consigo descrever de outra forma. Ver algo que aconteceu 15 anos atrás e que ainda traz consequências nos dias atuais ser finalmente concluído é um alívio enorme, principalmente para o Edgeworth, que finalmente vai conseguir dormir em paz sabendo que não foi ele que matou seu pai e que o homem responsável por isso está atrás das grades. Esse caso foi responsável por começar o meu fascínio pela franquia e imagino que eu não sou o único.


Rise from the Ashes: Sinceramente eu não estava esperando muita coisa desse caso no início. Sim, por ele ter sido feito apenas quando o jogo foi portado para o DS eu esperava uma escrita interessante, até porque o Shu Takumi e sua equipe evoluíram bastante no decorrer dos jogos, mas eu achava que independente do que acontecesse ele acabaria sendo um downgrade do Turnabout Goodbyes. Seria difícil eles conseguirem fazer um caso tão bom quanto aquele para uma “simples DLC”, pois o nível de importância entre um caso extra e o caso que encerra o primeiro jogo da série não é comparável, porém, contra todas as minhas expectativas, esse acabou se tornando o meu favorito do jogo.

Aqui temos uma mudança completa de cenário, a Maya voltou para sua vila para treinar logo depois do encerramento do 1-4 e, dois meses depois (que é quando se passa o 1-5) ela ainda não retornou. Nesse período de tempo o Phoenix não aceitou nenhum caso, pois o escritório não é o mesmo sem a presença da Maya, mas tudo acaba mudando quando a jovem Ema Skye entra em seu escritório. Sua situação lembrou o Phoenix da situação da Maya meses atrás: duas irmãs, sendo a mais jovem apenas uma adolescente e a mais velha uma membra atuante da lei, em problemas distintos. No caso das Fey, a mais velha era uma advogada de defesa que acabou vítima de um assassinato, já no caso das Skye a mais velha é uma promotora que acabou sendo acusada de um assassinato. Graças as circunstâncias, Phoenix Wright decide colocar novamente o seu distintivo e aceita a missão de proteger Lana Skye.

Sem entrar em muitos detalhes, esse é o maior caso da trilogia e um dos maiores da franquia inteira, tendo quase o tamanho dos 4 anteriores somados. Enquanto muitos acham que ele acaba se tornando arrastado e desnecessariamente comprido, isso ajuda bastante a desenvolver ao máximo a situação, com esse sendo um dos crimes mais complexos e com mais camadas até então.

Temos um cast com diversos personagens novos e que todos tem tempo e espaço para serem desenvolvidos e aprofundados. Nada aqui acontece por acaso, todos que tem tempo de tela utilizam muito bem esse espaço, com o destaque indo para o oficial Jake Marshall, a detetive Angel Starr e o chefe de polícia Damon Gant, além obviamente das irmãs Ema e Lana Skye. Eu criei muito carinho por todos esses, que são alguns dos melhores personagens já desenvolvidos pelo time que faz os Ace Attorney.

Aqui acompanhamos o desenvolvimento do SL-9, os assassinatos de Joe Darke que se encerraram na morte do promotor Neil Marshall, irmão de Jake Marshall. Após esse acontecimento o Darke foi julgado culpado e foi executado, um acontecimento que elevou Damon Gant a chefe de polícia e Lana Skye a chefe da promotoria. Assim como o Turnabout Goodbyes, esse é um caso extremamente tenso, onde tu ficas o tempo todo na ponta da cadeira, nervoso sobre o que aconteceu e o que ainda pode acontecer. O principal responsável por isso é o Damon Gant, que é um dos melhores antagonistas da série, o jogador normalmente vai conseguir descobrir que ele é o responsável ela morte do Goodman relativamente cedo, mas essa informação trás consigo outros enormes problemas que são bem difíceis de serem resolvidos, como o fato de ele ser o chefão de toda a polícia da região e que a acusada, Lana Skye, está dizendo ser a culpada para poder protege-lo. Ele era uma força grande demais pro Phoenix e se não fosse a ajuda do Miles no trial ele não seria parado ali.

Inclusive, o último trial desse caso é simplesmente perfeito, ver o Phoenix e o Edgeworth lutando contra tudo e todos para derrubar o Gant foi incrível e mostra demais como eles evoluíram como advogados, o mais importante no fim de tudo é a verdade. Depois de eliminar o possível, aquilo que sobra só pode ser a verdade, não importa o quão improvável ela possa parecer, e depois que o Miles percebeu que o chefe da sua chefe era mesmo o verdadeiro culpado, ele ajudou o Nick a demonstrar a verdade, mesmo que isso vá contra o trabalho de um promotor, o que só mostra o seu absurdo crescimento como pessoa, ele nem parece mais o Miles do segundo caso.

No geral, mesmo que o caso seja sim maior do que ele precisava ser, ele é simplesmente impecável, com personagens que eu sinto muita falta de ver nos jogos. Pelo menos não foram todos eles que sumiram...


Conclusão geral: Esse jogo é um exemplo clássico de produto que altera mundos. Jogos focados em advogados e tribunais não são nem um pouco comuns, principalmente pra época em que foram lançados, e o Shu Takumi foi responsável por uma revolução, um gênero novo em que até hoje os jogos de Phoenix Wright são a maior referência. Por mais que alguns aspectos ainda estivessem meio crus, esse jogo foi a base de tudo que vimos dessa franquia para o futuro, então sou eternamente grato. E mesmo assim, ele ainda tem muitos brilhos individualmente, principalmente com os dois últimos casos que são até hoje referência na série.

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