Monotonia: First Contact

Monotonia: First Contact

released on Sep 13, 2023

Monotonia: First Contact

released on Sep 13, 2023

Monotonia: First Contact is a prologue-format experience, free and essential to pave the challenging and definitive cycle of MONOTONY. Work, pay your bills, and survive!


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Com literalmente um apertar de botão, Monotonia: First Contact é um prólogo que principia conceitos e mecânicas que estão por vir no definitivo Monotonia.

Utilizando da metanarrativa e da metaficção, o jogo carrega temas como crítica ao sistema fordista de produção, práxis do ambiente mónotono de trabalho e a supervisão predatória das ações humanas no corporativo, temas esses transcritos dentro de uma única ação.

O prólogo deixou com um gosto de quero mais, ainda que eu tenha que terminar de desvendar tudo que ele tem a oferecer, é um jogo que se destaca por sua metanarrativa intrincada e única e que desafia as convenções de narrativa de jogos e que com certeza você tem que ficar de olho. Para amantes de Pony Island e Inscryption, isso aqui é um prato cheio! Além de que é mais uma pedrada em âmbito nacional.

É simples? Sim, mas também é divertido, engajante e bem feito. Monotonia: First Contact é como um gostinho do que Monotonia será. Há questões técnicas que podem melhorar, como eu falei diretamente para os desenvolvedores, mas o game atinge muito bem seu objetivo. Fiz 6 runs diferentes, cada uma fazendo uma coisa, e fiquei entretido em todas. Esperando ansiosamente para o próximo capítulo dessa jornada.

À primeira vista, esse jogo parece um simples simulador de trabalho, mas em poucos minutos percebe-se que há um mistério maior a ser desvendado. Monotonia oferece uma ambientação envolvente e uma narrativa que instiga o jogador a continuar no jogo para derrubar o sistema de dentro pra fora.




Oferencendo uma experiencia limitante e repetitiva, o prologo de Monotonia conversa sobre como somos engrenagens que tentam ascender em um sistema limitado para a classe proletaria, oportunidade de ganho é vendida como o canto da sereia. Tudo isso como uma estetica super polida e aconchegante até o momento que ela não quer mais ser isso.

Monotonia vai te causar desconforto nos mínimos detalhes em prol do que ele quer contar. E essa mensagem é bem simples - mas não superficial - quando se olha por fora. Então é claro que o segredo está por dentro.

Não há descanso no mundo atual para quem dorme com contas pra pagar, para quem se sente cansado e preocupado com gastos ao ponto de não conseguir nem ir se divertir mais no fim de semana.

Essa é uma obra que quer te mostrar como estamos caminhando pra um capitalismo tardio onde as consequências de sermos vistos apenas como um robô de operações pelos oligopólios vão ficando evidentes (e que, diga-se de passagem, há uns 10 anos acharíamos uma piada exagerada ou um "geeente, isso é tãããão Black Mirror"). São propagandas dizendo pra você nunca mais dar descarga para economizar água, sorteando férias que deveriam ser obrigatórias. É claro que aquela alfinetada na meritocracia não podia faltar - fuja desse tipo de pessoa.

Faço uma boa ressalva aqui pra ideia mecânica do jogo consiste em ficar apertando um botão pra deixar sua nuvenzinha no lado certo da tela quando necessário e mesmo assim não durar mais do que 1 minuto por fase. Acredito eu que, se tentassem explorar essa monotonia (daí o título) fazendo você gastar muito tempo para progredir, o propósito se perderia um pouco. Banalizaria a mensagem de tédio e exaustão em mundo que não dorme mais para ser apenas um artifício barato de tédio por ficar apertando um botão em um jogo que não parece ir pra lugar nenhum - ninguém teria saco pra isso hoje em dia e partiria pra qualquer outro jogo.

Essa deve ser a obra mais relatable que consumi em 2023. Incontáveis vezes pós pandemia eu abria o aplicativo do banco no celular a cada mês pra pagar contas e checar quantas faturas eu ainda tinha que pagar das coisas que tanto queria ter desde pequeno.

"A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir."

Se tratando só de um prólogo do que está por vir, espero do fundo do meu coração que os idealizadores desse jogo consigam encontrar uma luz no fim do túnel em suas vidas e tragam uma mensagem positiva no final, porque eu mesmo estou chegando em um ponto onde não consigo mais enxergar algo assim. Apesar de que, se não for esse o caso, que deixem claro o sentimento de revolta - uma das soluções pra isso tudo foi inventada em 1738, aliás.

A primeira versão de Monotonia já provava que o projeto tinha algo importante a dizer e que esse seria um jogo diferente. Com as adições desse primeiro capítulo, vejo essas ambições serem alcançadas.

Sem uma palavra, eu consegui compreender toda a mensagem do jogo através da usa gameplay e direção de arte. Você trabalha gerando eletricidade de maneira repetitiva, mas não consegue pagar a conta de luz. Aumenta seu tempo de trabalho pra conseguir mais dinheiro pra pagá-la. Tudo é escuridão, e o cansaço do trabalho é tanto que não vemos nada do caminho pra casa, e nela, só vemos nossa mesa. Trabalhar, dormir e trabalhar. Ser empregado, mas continuar pobre. O som te lembra que você é descartável, e se não concluir suas tarefas, será substituído. A sua última atividade restante fora do trabalho é ler o jornal, e nele, você vê mais desgraças.
Essa é a realidade de muitos, e quanto mais tempo passa, mais parece que será a de todos. O trabalhador vê a luz no fim do túnel ao perceber que juntos somos mais fortes, mas será que é possível sairmos da inércia e nos unirmos?

Você escolhe, e os diversos finais foi uma sacada incrível. O final verdadeiro espanta ao ser apresentado, e exagera um pouco no desafio. Nessa hora, ele se torna um daqueles jogos que são ultra investigativos, onde você vai atrás dos arquivos e coisas muito específicas. Essa não é minha praia, e mesmo assim, tentei muito entender os números daquela batata gigante antes de só conseguir vendo um guia.

O maior problema, pra mim, não foi nem algo relacionado ao jogo em si. Meu monitor é ultrawide, e automaticamente, o jogo dá zoom pra preencher a tela inteira. Ao perceber isso, eu mudaria pra 16:9, mas o botão de opções no menu inicial fica cortado pra fora da tela desde o início. Assim, não consegui ler nenhum jornal por completo, e mesmo assim os amei.

Como um jovem entrando no mercado de trabalho, Monotonia me assusta, e demonstra esse futuro possível de maneiras que só o videogame consegue, utilizando a mídia de maneira inovadora, mesmo de que um jeito tão simples.
Se o prólogo me surpreendeu e se mostrou tudo que a demo poderia alcançar, me sinto ansioso pra descobrir o que mais será adicionado nessa experiência única que mesmo no começo já parece ter concluído a sua história. Galera do GDH, me surpreendam! Vocês são incríveis.



É como uma versão dark da maravilhosa fase do peixe de Edith Finch, e meu personagem favorito de Sonic é o Shadow.