se a história das pessoas que passaram a sonhar em preto e branco depois da invenção da televisão for verdade, como será que a gente sonhava antes de passarem a usar sonhos como artifícios narrativos? não dava pra representar um sonho antes deles serem explorados massivamente através de dispositivos midiáticos porque todo mundo tinha uma mente, história e sinapses peculiares o bastante pros sonhos serem demonstrações exclusivas. todo sonho era diferente porque todo mundo era diferente. os símbolos identificáveis para a criação de dicionários oníricos sempre foram muito mais hermenêuticos do que observáveis por razões claras.
a tecnologia e a documentação de sonhos cria uma nuvem metafísica de como sonhos Devem Ser, e portanto todos os sonhos são assim. o nosso cérebro funciona como uma rede neural artificial, buscando espaços similares e familiares a arcos narrativos prontos e mudando os personagens e cores (de vez em quando!) para conseguirmos ler alguma coisa depois. a maneira que o mundo dos sonhos tinha de se preservar era ser esquecido imediatamente pois assim sua força de divinação se concretizava: apenas uma sugestão, nunca uma ordem. hoje a gente anota o sonho em qualquer aplicativo que vai nos dar centenas de estatísticas e interpretações se baseando em folclore (a wiki informal) e dados.
a tecnologia (não só a parte de análise estatística, a escrita por si só também é tecnologia) moldou nossos sonhos individualmente e coletivamente, mas a tecnologia só é influenciada individualmente de volta. de quem são seus sonhos?
a tecnologia e a documentação de sonhos cria uma nuvem metafísica de como sonhos Devem Ser, e portanto todos os sonhos são assim. o nosso cérebro funciona como uma rede neural artificial, buscando espaços similares e familiares a arcos narrativos prontos e mudando os personagens e cores (de vez em quando!) para conseguirmos ler alguma coisa depois. a maneira que o mundo dos sonhos tinha de se preservar era ser esquecido imediatamente pois assim sua força de divinação se concretizava: apenas uma sugestão, nunca uma ordem. hoje a gente anota o sonho em qualquer aplicativo que vai nos dar centenas de estatísticas e interpretações se baseando em folclore (a wiki informal) e dados.
a tecnologia (não só a parte de análise estatística, a escrita por si só também é tecnologia) moldou nossos sonhos individualmente e coletivamente, mas a tecnologia só é influenciada individualmente de volta. de quem são seus sonhos?
A forma que Pagan usa jogos virtuais para enaltecer sua temática é muito competente.
Afinal, o que é melhor para falar sobre arte morta do que video games? A mídia que nasceu e cresceu junto a tecnologia, esta que a parasitou e a privou expressão e sensibilidade, deixando apenas um vazio industrial.
Pagan emula esse ocaso e busca no exotérico uma fuga para a arte nos jogos. Essa caminho naturalmente leva para uma postura pós moderna que quebra em camadas a influencia de arte em tecnologia com mecânicas simples, mesmo que caótica em forma.
Dizem que a escultura já está na pedra antes dela ser esculpida. O artista está apenas revelando-a. Esse jogo nos coloca nessa posição de revelar a obra com uma mecânica de colecionáveis que resultam em uma revelação escultural.
Me pergunto se não somos sempre assim em jogos, quebrando lentamente a tecnologia da obra. Temos que passar por gráficos, framerate, otimização, resolução e controle para então acessarmos o núcleo da obra. Quando finalmente nso livramos da análise tecnológica é que podemos encontrar a arte. Foi uma grata surpresa (e completamente simbólico) encontrar a Vênus de Milo sendo revelada ao fim desse jogo. A estética deficiente está em tudo, mesmo que indiretamente.
Pagan usa um pós-modernismo para libertar a arte da tecnologia dos jogos eletrônicos. Quero muito ver onde isso vai dar.
Afinal, o que é melhor para falar sobre arte morta do que video games? A mídia que nasceu e cresceu junto a tecnologia, esta que a parasitou e a privou expressão e sensibilidade, deixando apenas um vazio industrial.
Pagan emula esse ocaso e busca no exotérico uma fuga para a arte nos jogos. Essa caminho naturalmente leva para uma postura pós moderna que quebra em camadas a influencia de arte em tecnologia com mecânicas simples, mesmo que caótica em forma.
Dizem que a escultura já está na pedra antes dela ser esculpida. O artista está apenas revelando-a. Esse jogo nos coloca nessa posição de revelar a obra com uma mecânica de colecionáveis que resultam em uma revelação escultural.
Me pergunto se não somos sempre assim em jogos, quebrando lentamente a tecnologia da obra. Temos que passar por gráficos, framerate, otimização, resolução e controle para então acessarmos o núcleo da obra. Quando finalmente nso livramos da análise tecnológica é que podemos encontrar a arte. Foi uma grata surpresa (e completamente simbólico) encontrar a Vênus de Milo sendo revelada ao fim desse jogo. A estética deficiente está em tudo, mesmo que indiretamente.
Pagan usa um pós-modernismo para libertar a arte da tecnologia dos jogos eletrônicos. Quero muito ver onde isso vai dar.