Eu tenho um sentimento recorrente de que estou tendo uma crise de meia-idade aos 20 e poucos, e sempre que eu paro pra jogar algo de ps2 (provavelmente por ser o primeiro console que joguei de verdade), esse sentimento se intensifica.

Sinceramente eu não conhecia Bujingai, eu não conheço a história por trás do desenvolvimento, eu não tenho bagagem ou ligação alguma com ele, mas, ao mesmo tempo, parece que eu conheço ele muito bem, essa é uma impressão que me acompanha com vários jogos dessa geração e eu não quero ser aquele insuportável que diz isso, mas já sendo, é de uma época que por mais recente que seja, tem jogos muito interessantes e que passam um sentimento "único" que não consigo sentir atualmente, é uma parada que não é reproduzível, algo ligado a uma época que já passou, digo único entre aspas, pois por mais que cada um pareça muito singular, existia uma enchente de jogos que passavam essa mesma vibe, enfim, Bunjingai definitivamente é o jogo favorito de alguém, e ele deve ter feito por essa galera o que Dororo fez por mim pouco mais de uma década atrás.

Quando eu era criança sofri de não conseguir jogar esse need for speed, pois diferente dos outros (tipo o carbon que até hoje deve ser meu favorito) que são mais amigáveis e bem diretos o underground 2 tem uma proposta muito mais aberta onde você precisa realmente explorar o mundo e achar as diferentes oficinas, eu fiquei preso nele quando tentei jogar na infância? não, até pq eu nem tentei, mas hoje eu fiquei preso, faltando uma capa de revista que não me apareceu, com 99% de win rate por causa de uma corrida que eu perdi sem nunca nem participar, enfim, tudo isso corrobora pra um sentimento que eu tive durante todas as minhas horas nele, o jogo parece o tempo todo que vai se desfazer e quebrar enquanto você corre, ótimo jogo, na maior parte do tempo pelo menos, não vou entrar na carga nostálgica que existe nele e todas as influencias de need for speed :)

Assim como qualquer jogo com menos de 10 horas, ja tem minha atenção, mas não como qualquer jogo metroidvania, além da atenção, ori ganhou meu interesse, eu não vou parar aqui e decorrer por linhas e linhas sobre como metroidvania é um gênero que ja chegou a ficar até saturado de tantos jogos só reusando a logica base sem novas adições, e também não acho que no fim do dia ori tenha alguma mecânica super inovadora, é um jogo interessante de 2016, com um combate bem ruim, e uma trilha sonora bonita.

Se metroidvania é a pizza dos videojogos, ori é uma de calabresa, com uns pedaços chatos de cebola em cima

Como o grande enjoyer de joguinhos sokoban, me vejo obrigado a dar meus centavos aqui. Quando eu começo a jogar algo que necessite de um mínimo trabalho em resolver problemas, o jogo em questão aluga não só um apartamento mas sim um condomínio na minha cabeça, não importa oq eu esteja fazendo, eu estou involuntariamente pensando em como resolver aquele puzzle de baba is you ou monster expedition, porém, bonfire peaks alugou só um fim de semana em um kitnet com quarto e cozinha no mesmo cômodo. Eu não conseguiria apontar o dedo no que exatamente, mas por algum motivo as situações não me pegaram tanto quanto em outros jogos com a mesma ideia, a direção visual não é muito meu gosto mas não deixa de ser agradável, o som te entrega uma ambientação legal, a movimentação de inicio parece desafiadora mas com o tempo você se acostuma, no fim do dia nenhum elemento é ruim ou prejudicial a experiência como um todo, mas nada é super legal ou inovador, também senti que a quantidade de fases foi desnecessária, pelo que vi o jogo totaliza 200 desses quebra cabeças, destes, completei 66, porém acredito que devido a essa quantidade elevada de cenários, alguns acabam não tendo tanta atenção e desestabilizando um pouco a qualidade linear do jogo, acabou me lembrando mais um jogo F2P de celular com diversos leveis feitos sem tanto carinho ou atenção, o que diga-se de passagem, não parece ser o caso aqui, em diversos momentos o jogo referencia outros elementos de jogos do mesmo gênero, como por exemplo the witness ou o próprio a monster expedition. Resumindo, a culpa de bonfire peaks não ser um jogo tão bom, é por causa do quão bom, monster expedition é.

Bem provável que entre em um possível top 10 meu de fim de ano, por mais que ele apresente um loop simples de mecânica, é uma boa repetição, o jogo é bonito tem uma trilha sonora que talvez seja seu ponto mais alto, e ainda por cima é curtinho, só teria gostado mais se fosse um pouco mais curto, tem um momento que ele da a entender que vai terminar, mas continua, se terminasse ali, pessoalmente acharia melhor, mas enfim, o jogo é lindo e a trilha sonora é maravilhosa a ideia da radio é ótima e a historia por mais que pouco presente também não deixa a desejar.

Inicialmente o jogo apresenta uma ideia interessante e te faz sentir como se todas suas ideias e tentativas fossem únicas, mas conforme seu progresso avança você percebe cada vez mais que é só uma serie de puzzles lineares. Não que isso seja negativo, sou super a favor de puzzle e linearidade, porém a curva que a história faz na última hora definitivamente não me agradou. Levando em consideração oq gastaram com os dubladores acabo só me perguntando se esse jogo todo foi um plot de lavagem de dinheiro, enfim, são umas 4 horinhas divertidas