Nos ombros dos gigantes que subimos: uma homenagem de clássicos da sci-fi pra cada personagem, sutilmente alteradas o suficiente para não passar da inspiração, espertamente entrelaçados em um emaranhado narrativo lento de desamarrar. Cada episódio é um microcosmo que em seu pior é entretivo e lindamente ilustrado, e em seu melhor, ótimas peças de ficção científica em um globinho de neve. O vai e vem de vários personagens é fortalecido pelo carisma e rica personalidade de quase todo o elenco.

O que no ínicio parece um pesadelo nível 100 Anos de Solidão de decoração de nomes eventualmente revela suas camadas e se mostra que é um pesadelo ainda maior, porém com garotinhos e garotinhas e robôzinhos de anime que eu acabei curtindo bastante, cada um de sua forma. As sessões de combate, inicialmente alheio e confuso em seu lugar na história, acabam por ressaltar essas conexões, além de permitir que você crie suas próprias com os seus soldados favoritos - Nenji Ogata é o meu GOAT.

Não consigo imaginar o pesadelo de escrever uma história modular que envolve treze protagonistas, viagem no tempo, clonagem, inteligência artificial, loops e paradoxos, realidades alternativas e múltipla personalidade - é como se o twist do Liquid Ocelot fosse repetido a cada 30 minutos durante o jogo todo. É impressionante que o jogo, ainda assim, não ficou maçante em momento algum - fato que se pode dar por eu tê-lo jogado em doses homeopáticas ao longo de dois meses.

A natureza modular da história contribui muito à evitar à mesmice, total confiança dada ao jogador para decidir a ordem da experiência: eu preferia jogar um capítulo de cada na hora de dormir até cair no sono, e durante o dia jogava as fases de combate. Outra vez, ressalto que escrever um tipo de narrativa que não desmancha absolutamente diante dessa libertinagem é um feito hercúleo.

E devo adicionar: ilustrações absurdas aqui se encontram, que, misturadas com o sistema de iluminação - bem dramático em seu caloroso pôr-do-sol e manhãs serenadas - criaram uma qualidade de apresentação que é fascinante em sua simplicidade de execução e beleza. É quase difícil não achar um momento do jogo que não pareça digno de um screenshot.

Reviewed on May 17, 2024


4 Comments


1 month ago

13 neles!

1 month ago

...ainda não li 100 Anos de Solidão, é um pesadelo de decorar nomes? =(

1 month ago

@CDX procure a arvore genealógica do livro pra ter uma ideia. Porem, recomendo fazer como eu fiz e só ir na fé mesmo, sem árvore nem nada. Acho que a confusão é uma feature, não um bug.

1 month ago

This comment was deleted

1 month ago

Vou procurar porra nenhuma não, quero gostar do livro quando eu for ler ele, hahaha! XD