Reviews from

in the past


I own the original box for this shit. My had this relic hidden for years

ano passado quando eu tava jogando o primeiro Diablo, eu sempre via pessoas comentando alguma variação de "esse aqui é ok, mas Diablo II é bem melhor". isso sempre atiçava um pouco a minha curiosidade, visto que é o que se fala sobre a duologia de Baldur's Gate feita pela Bioware, por exemplo. eu ainda tô jogando Diablo II (bem esporadicamente) e não acho que vou desinstalar ele tão cedo, mas acho que a minha opinião não vai mudar tão drasticamente até o momento que eu decidir parar, então vamos lá: eu gosto dos dois na mesma potência, por motivos bem diferentes.

o que realmente sacaneia Diablo II é que talvez ele influenciou demais o mercado. o primeiro jogo se sente mais um produto do seu tempo por aplicar elementos que RPGs eventualmente deixaram mais de lado: a progressão é linear, os loots são bem mais direto ao ponto, você explora apenas uma dungeon enorme. é um jogo bem simples em retrospecto, mas foi essa simplicidade que fez o primeiro título virar uma minhoca no meu cérebro. é um daqueles jogos que me deixam tão investidas que eu fico assustada quando percebo que fiquei 3 horas inteiras sem nem ver o tempo passar.

o segundo jogo elabora bem esses elementos: a progressão é relativamente não-linear (você constantemente tem mais de uma quest disponível para fazer), os loots envolvem magia e propriedades especiais que variam entre pré-definidas e customizáveis de forma que acabam tornando qualquer arma sem nenhum poderzinho completamente inútil, e você explora múltiplas dungeons de diferentes tamanhos espalhadas em um mundo aberto gerado proceduralmente. o problema é que todos essas evoluções influenciaram profundamente a forma que RPGs modernos funcionam: o esquema de armas com prefixos indicando alguma propriedade mágica/especial foi puxado pela própria Blizzard em World of Warcraft, o que provavelmente deu o impulso necessário para infernizar a minha vida em Fallout 4 ser eventualmente aplicado em Fallout 4 e quase todo outro MMO já feito. o mundo aberto gerado aleatoriamente acaba gerando um mapa muitas vezes vazio e não interessante, algo que também pode ser observado em 998723 RPGs da 7ª geração dos consoles (que nem tem a desculpa de serem gerados automaticamente, são só desertos de substância mesmo). mas acima de tudo: o sistema de skill tree foi popularizado aqui, e eu detesto a metodologia que Diablo II aplica nesse sistema com uma paixão intensa: a progressão é linear (ironicamente indo contra o resto do jogo) e a quantidade de melhorias supérfluas ou insignificantes, especialmente no começo, é de tirar qualquer vontade minha de engajar com essa mecânica. eu simplesmente evito olhar na direção da HUD que me informa da quantidade estupidamente alta de pontos que eu poderia estar colocando para fazer meu ataque de relâmpago ter 10% mais dano ou meu blimbo-blombo fazer zup-zap de forma 8,45123% mais eficiente. e foi ESSE método que até mesmo jogos não-RPG como God of War (2018) decidiram puxar? pelo amor de deus.

isso faz com que minha relação com Diablo II seja bem mais complicada com que a que eu tive com o primeiro. eu aprecio as coisas novas, como o acampamento, as FMVs bonitas, a trilha sonora e a história mais complexa e interessante (nem precisava de muito para ser uma evolução e ainda assim dá para perceber o salto). também gosto que eu não preciso estar presa à uma classe para poder jogar com uma personagem feminina. mas muito do que eu vejo aqui eu já vi em outros jogos, o que deixa a experiência mais parecida com um monte de coisa. ainda é um ciclo de jogabilidade viciante e engajante, mas não virou a minhoca cerebral que foi pra muita gente.

o que é uma pena, mas tudo bem. eu ainda gosto, apesar das vírgulas.