Uma grande homenagem a toda a indústria de jogos, desde Space Channel 5, Xenogears e basicamente todo o Dreamcast. Um dos jogos que veio tentando trazer o espírito da originalidade das gerações passadas, como Psychonauts 2 indiretamente nos trouxe, Hi-Fi Rush é um jogo importante para o cenário atual, um lançamento surpresa de um jogo cheio de originalidade, substância e personalidade, isso vindo de uma empresa grande e com um diretor grande.
Sobre a trilha sonora, eu não sei muito bem como opinar já que tem muita música não original, mas obviamente tenho que elogiar a EXCELENTE escolha nas trilhas sonoras, Nine Inch Nails, Fiona Apple, Number Girl, é impressionante um jogo desse escopo colocar músicos realmente incríveis e até de um cenário bem mais alternativo como o Number Girl, e detalhe que as músicas não são encaixadas sem contexto, fazem sentido com o jogo e só acrescentam mais ainda.
Os meus únicos pontos negativos, talvez meio subjetivos, vão pra arte e pra gameplay, a arte do jogo é muito feia, muito mesmo, parece realmente uma temporada nova de Ben 10. A maioria das fases tem um level design bem repetitivo, mas isso muda da metade pro final do jogo, com fases mais diferentes. E bom, a gameplay é competente se fosse de um jogo indie, mas considerando suas circunstâncias, não passarei pano, um Hack n Slash sem Lock On é complicado, a movimentação do personagem não é tão fluída e acho que faltava algumas coisas a mais pra deixar a gameplay melhor no geral.
Mesmo com isso tudo o jogo mantem uma personalidade incrível, é muito divertido, a trilha sonora te empolga demais com músicas incríveis, e é realmente um jogo muito importante, não acho que seja perfeito, uma obra prima, encontrei coisas notáveis que me incomodaram mas acho que todo o carinho e diversão que esse jogo possuí diz muito mais, um grande exemplo a ser seguido

Venba é provavelmente o único jogo nessa temática que eu já joguei, impressionante de um modo, triste de outro, é desapontante ver a falta de espaço que mídias assim tem. Esse jogo, além de ser divertido, fofo e bonito, mostra um lado mau da sociedade, a hipervalorização de ''culturas'' de países desenvolvidos em contraponto com a desvalorização de culturas do sudeste asiático, africano, sul-americano, a perca da identidade própria do indivíduo e do povo em prol de se sentir incluso dentro de uma sociedade ''superior''.
O principal ponto da crítica é o filho do casal, que faz a mensagem ficar mais chocante, pois em uma etapa de crescimento, a pessoa se sente deslocada das outras, e nisso faz uma adaptação de si mesma esquecendo suas raízes. Algo que também é reforçado pelos moradores, que se veem como superiores por fazerem parte do país explorador, agredindo, insultando, o preconceito de ter em seu local de trabalho uma pessoa que fala a sua língua com sotaque, a visão de que são inferiores por vir de um país explorado. Venba é um jogo lindo e necessário, para além de tudo, quebrar essa impressão de que sair de seu país de origem é uma maravilha, um jogo que te faz repensar sobre o imperialismo e as explorações que nós sofremos, vivendo em um país miscigenado como o Brasil fica fácil perceber no cotidiano mesmo, pessoas não se importando com a própria cultura indígena do país, mas valorizando a cultura europeia que rodeia o nosso país, mas a custo de que? escravização? Sei que posso ter levado um jogo até que simples para algo muito mais sério mas o assunto de cultura ''inferior'' e ''superior'' é algo que mesmo no século XXI, ainda temos que lidar.

Dito isso, vá se foder Canadá