Project Kat é um jogo aceitável, mas não chega a ser grande coisa. Esse é mais um daqueles típicos jogos de terror de RPG Maker que tem aos montes, e não há tanto nesse jogo que se destaca dos demais. Ele me lembrou um pouco Escaped Chasm, no sentido de que ambos foram demos para projetos maiores, e que tem uma história vaga que não dei a mínima por ser mal desenvolvida (além de durar bem pouco). Apesar disso, teve algumas coisas legais nele. O visual é até charmoso e tem uma pixel art bem feita, e o estilo anime das personagens é até competente, mesmo não sendo muito inovador. O que mais chama atenção, é que mesmo com a curta duração, tem um sistema de rotas alternativas um tanto robusto, com cada uma se diferenciado substancialmente e sendo recompensadoras de encontrar (8 no total). Em relação ao terror, é bem qualquer coisa, com métodos meio genéricos, e mesmo se eu não tivesse a minha apatia por terror no geral, não me surpreenderia. Project Kat é um projeto interessante, demonstrando uma competência decente, e mesmo sendo um passatempo aceitável, não é nada além disso.

Prós: Visuais charmosos; A trilha sonora é decente; As rotas alternativas são um tanto robustas pra um jogo desse calibre.
Contras: História mal desenvolvida; Terror genérico.

one night, hot springs é uma experiência doce e bem educativa. Essa Visual Novel conta uma história sobre as dificuldades de ser trans no Japão, exemplificadas pela ansiedade da Haru, a protagonista da história. A maneira que essa VN demonstra esses problemas com empatia é admirável, ainda mais que também conta como a realidade de ser trans no Japão é diferente do ocidente, algo que achei importante. Ainda é um tanto propenso a cair na armadilha de ser mais uma obra queer que educa a sua audiência de forma rogativa, mas não chegou a tirar o valor de como os problemas são retratados (eu joguei/li isso com 2 pessoas ao meu lado, e uma dessas pessoas era trans, e vi que ela ficou feliz com as representações). O melhor é que a leitura não é cansativa, tendo um bom ritmo e não se arrastando (dura quase meia hora), e obter os seus 7 finais não é complicado. Eu também gostei bastante da arte, com visuais bem fofos e charmosos. Pode ser que one night, hot springs não seja um dos retratos mais profundos desses problemas e seja algo mais educativo, mas isso não anula como mostra esses problemas com empatia e respeito, e apresentando personagens gostáveis e uma leitura agradável.

Prós: Problemas abordados com delicadeza; Conta o contexto de ser trans no Japão; Personagens gostáveis; Não arrasta; Arte fofa e agradável.
Contras: Não tão profundo quanto devia (não é necessário ele ser profundo, mas sabe né?); A versão brasileira tem alguns errinhos de tradução, mesmo que não atrapalhem tanto.

Evergreen Blues é um jogo bem único, mesmo que não pareça ser grande coisa de início. Dos jogos do David Su que joguei, esse é o mais diferenciado entre eles, pois não é um Walking Sim musical. Eu não sei como descrever o gênero desse game, é quase parecido com um daqueles jogos de escolhas narrativas, só que não há finais que são influenciados por suas escolhas e tudo que você faz é escolher pra montar a letra da música. Talvez seja um simulador de composição musical, mas você não cria a música, só escolhe a letra dela. Independente de como se categoriza o gênero, os focos dele são a narrativa e a música. A sua narrativa é sobre a relação dos artistas com sua audiência, mas ela é contada de forma abstrata e minimalista, o que não irá agradar todo mundo. A sua mensagem já foi esclarecida pelo criador, mas isso não significa que não esteja aberta para interpretação. Mesmo com a mensagem esclarecida, o jogador interpretará de diversas formas, não só pelo que vê na narrativa, mas pela gameplay, pois escolher como será a letra é uma forma de dar sentido no que vê, podendo ser otimista e inspirador ou cínico e pessimista. A música também é muito boa, com uma cantora de bela voz e a instrumentação combinando com sua beleza. Evergreen Blues é uma experiência única, mas por ser um jogo cult diferenciado, sei que terá gente que não irá gostar dele e o tachará de pretensioso, mas quem estiver em sintonia com ele, encontrará uma experiência breve (dura 11 minutos), mas bem agradável.

Prós: Uma mensagem interessante sobre artistas e audiência; Sua gameplay está em sintonia com o fato de ser aberto para interpretações; Música bela; Agradável em sua brevidade.
Contras: Nada que tenha me incomodado substancialmente.

What Remains of Edith Finch me proporcionou uma experiência interessante. O seu maior destaque é a narrativa. A sua história é sobre uma jovem investigando os paradeiros de sua família, pois todos sofreram de mortes atrás de mortes. Os temas sobre mortalidade e a imprevisibilidade da vida são explorados a fundo na narrativa, e conseguem causar um bom impacto. Presenciar as mortes de cada membro da família Finch foi catártico, seja pelas circunstâncias ou pelas formas sutis de como são retratadas. O loop de gameplay, consiste em explorar a casa e interagir com o cenário, até achar o item que conta a história de um dos Finch em forma de vinheta interativa, e essas vinhetas são um show de criatividade visual e de gameplay, além das histórias catárticas. Eu ouvi gente que reclama do jogo ser curto, mas eu não vejo problema. Extender a duração não é necessário, pois ele já comunica bem o que quer passar, e ser sucinto é uma das coisas que o torna especial. Sinto que isso é fruto de como os games de hoje conseguem ser bem longos, e se isso fosse filme, não reclamariam tanto da duração. Se tenho um problema a ressaltar, é que às vezes, a navegação é meio confusa, mas nunca foi ao ponto de estragar a experiência. What Remains of Edith Finch mostra que é possível um jogo com gameplay simplista e história breve ser impactante.

Prós: A narrativa é muito bem contada; Temas profundos e impactantes; Atmosfera e mistérios intrigantes; Gameplay simplista, mas bem executada; Os flashbacks dos Finch são um show de narrativa com criatividade visual e de gameplay; sucinto e sutil.
Contras: Tem vezes que a navegação é meio confusa.

Before Your Eyes foi uma experiência legal, mesmo que não tenha me marcado como esperava. O jogo foca na sua combinação de gameplay e narrativa, com a sua principal mecânica e elemento narrativo; piscar. O jogo conta a história de uma alma recém chegada no pós-vida, relembrando os seus momentos na terra. A história é contada em forma de vinhetas, sendo essas as memórias do protagonista, e ao piscar, você interage com as coisas ao redor e vai de uma memória a outra. Isso funciona bem pra narrativa e gameplay, por funcionar bem como metáfora pra nossa relação com memórias, e como não podemos ficar presos a um momento que queremos reviver pra sempre e como passam mais rápido do que imaginamos. A mecânica de piscar funciona com a câmera do seu dispositivo (seja de celular ou uma Webcam) ao detectar o movimento dos seus olhos, e mesmo gostando dela, o funcionamento não é um dos mais precisos, mas se quiser, também tem o modo sem câmera, que serve bem pra caso não queira piscar de verdade. Mesmo a história sendo boa, senti que faltava algo pra ser mais marcante, mas não sei o que é esse algo. Por fim, eu também gostei dos seus visuais e trilha sonora. Before Your Eyes pode não ter me marcado como queria, mas a minha experiência com ele valeu a pena.

Prós: A história e seus temas abordados foram bons; A mecânica de piscar é criativa e serve bem pro jogo... ; Visual cartunesco charmoso; Trilha sonora boa; Conciso o bastante.
Contras: ...Mesmo que seja um tanto truncada; Falta algo na história (só não sei o que é exatamente).

We Know the Devil é um jogo bem legal, e isso chega a ser estranho vindo de um cara que não é chegado em Visual Novels ou Dating Sims. Visual Novels são um tipo de gênero/mídia do qual não me engajo tanto pelos seus métodos de storytelling não serem muito da minha praia, mas aqui é um pouco diferente. Ao contrário de muitas VNs, a história aqui é contada em 3° pessoa ao invés de 1°, o que permitiu me apegar mais aos personagens e acontecimentos, já que não me dá a sensação que era pra eu estar inserido alí. O motivo desse meu probleminha é por causa dos Dating Sims, que por serem histórias de amor interativas, não me apetecem, pois eu sou arromântico. Mesmo essa VN sendo categorizada como um Dating Sim, não parece tanto com um, pois mesmo tendo um romance entre o trio principal, não é bem o foco principal da história, sendo esse as situações complicadas do dito trio. A história é sobre um trio de pessoas LGBT em uma comunidade cristã conservadora, sendo obrigadas a confrontar "o diabo". As personagens tem uma química boa entre si e os seus problemas são palpáveis e realistas, e os seus momentos de insensibilidade que parecem um melodrama tacado de qualquer jeito, são justificáveis por serem pessoas LGBT numa comunidade conservadora, forçando-as a reprimir suas emoções e deixando o rancor do seu grupo escapar, estando num ciclo de ódio próprio. Outra qualidade do roteiro, é o seu texto. O texto é sútil e metafórico, não te dá tudo de mãos beijadas e mesmo no final, deixa coisas em aberto para interpretação, mas não diria que é super complexo, e é entendível aonde quer chegar. O que me desagradou no jogo, foram os seus aspectos técnicos. A direção de arte me incomodou, não pelo desenho das personagens, mas pelos cenários realistas destoantes, e mesmo sendo intencional pro clima, sinto que podiam ter ido mais além na intenção. As músicas não foram muito do meu feitio, mas servem bem pro seu clima, apesar de eu me incomodar com elas serem altas. We Know The Devil não chegou a me marcar, mas curti a experiência.

Prós: Protagonistas bem desenvolvidas; texto com um bom nível de sutileza; problemas retratados com sensatez; aberto para interpretações na medida certa; conciso.
Contras: Os cenários não encaixam com os desenhos dos sprites; a trilha sonora me incomodou um pouco.

All Things Equal I Would Prefer (nem a pau que irei colocar o nome inteiro disso) é uma das obras mais interessantes que achei sobre a pandemia. Ele é bem parecido com And the Band Begins to Play, no seus visuais, gameplay e por ser um game sobre a pandemia, mas é diferente na sua forma de falar sobre ela (além de ter saído antes e não ter sido feito pela mesma pessoa). Esse é um jogo no qual não ser muito polido ou não ter uma gameplay muito elaborada ajuda na efetividade do que ele quer passar. Tudo que você faz é andar e interagir com objetos num quarto pequeno, sair pela porta te leva pro dia seguinte, e interagir com os objetos te dá caixas de texto que demonstram a situação do próprio desenvolvedor/autor, e por ser sobre a pandemia, é bem fácil de empatizar com o que ele passa. Este jogo é uma autobiografia sincera e catártica sobre a nossa situação, e é exatamente o tipo de história que eu queria sobre a pandemia.

(foi mal, mas o meu segmento de prós e contras não serve pra esse game)

Shovel Knight é um Game espetacular. A Pixel Art dos gráficos é bem feita, a trilha sonora e jogabilidade são excelentes, a construção das fases é absurda de tão bem feita e a dificuldade é bem balanceada. Para qualquer um que tenha PC, Wii U, 3DS, PS3, PS4, PS Vita, Xbox One ou Switch, recomendo jogar. Perdoem-me se eu estiver puxando saco demais desse jogo, é normal ficar extremamente entusiasmado(a) quando gostamos de algo e daí as nossas atitudes acabam ficando tendenciosas.

Prós: A Pixel Art é bem feita; Trilha sonora 8-bits de alta qualidade; Jogabilidade excelente; Level-Design magnífico e cenários bem diversificados; As batalhas contra os chefes são empolgantes; O sistema de feitos acrescenta um pouco de fator replay; Até que os códigos são divertidos.
Contras: Eu não nego que ele tem os seus problemas, como a maioria dos itens não serem tão úteis quanto deviam (culpa da Phase Locket ser desbalanceada demais) e boa parte dos golpes e armaduras extras serem quase inúteis, mas o meu amor por esse jogo é tanto que esses problemas não importam pra mim.

Garden Song deixou um pouco a desejar, ainda mais se comparado com o outro jogo do David Su que joguei, o Metamorphosis of M Dolly. A sua direção de arte não só confunde a jogatina, mas é feia e com pouco charme. Esse ponto parece uma crítica inválida, por conta de como os Walking Sims funcionam, mas aqui, a interatividade não importa. Nos outros jogos do David Su, a jogabilidade mínima de um Walking Sim era complementada com uma música adaptativa que desenrolava ao chegar do ponto A ao B, e em Garden Song você pode ficar perambulando ou fazer absolutamente nada e vai dar tudo na mesma, e nem perambular é satisfatório, já que a movimentação é lenta demais. Já a música, é até legalzinha, mas devo reduzir uns pontinhos por não ser original do jogo e ser de terceiros, ainda mais porque Garden Song é o nome de uma música da cantora Phoebe Bridgers, e é essa mesma música que toca nesse jogo. Garden Song pode não ser uma baita atrocidade, mas deixa bastante a desejar comparado com os seus outros trabalhos.

Prós: A musica até que é legalzinha... ; Aprecio que a letra da música apareça em algumas partes do cenário (mesmo sendo fluente em inglês, ainda tenho mais facilidade pra ler do que escutar).
Contras: ... Apesar de ser meio decepcionante que não seja original; Direção de arte feia e confusa; Movimentação lenta; Não aplica tão bem a ideia de um Walking Sim musical.

The Ballad of the Metamorphosis of M. Dolly foi um game interessante pra mim, já que eu nunca tinha jogado um Walking Sim antes e ter achado um que seja gratuito, curto (dura 2 minutos) e um jogo 3D que o meu PC aguente, foi legal. Além de um Walking Sim, ele também é um musical, significando que a jogabilidade é andar do ponto A ao B e a música se desenrola ao chegar nos pontos, e além dela ser boa, conta uma história levemente cômica e macabra, mesmo que não muito profunda. Os pontos fracos são; a direção de arte, mesmo sendo charmosa pode acabar confusa pra jogatina no início, e mesmo proposital, sua jogabilidade ser tão mínima significa que ele pode ser experienciado assistindo uma gameplay no Youtube sem consequência, mas jogá-lo também não detrai a experiência. Este jogo tão curto e experimental, pode ser não ser tão profundo, mas cumpre bem o que faz, e caso queira algo pra passar o tempo, é uma boa pedida.

Prós: A música é bem legal; A direção de arte tem o seu charme... ; Consegue ser cômico e macabro relativamente bem; A ideia de um Walking Sim musical é muito boa.
Contras: ...Mas pode ser meio confusa; Dá pra assistir gameplay no Youtube sem perder nada (mesmo que isso não seja necessariamente ruim).

Escaped Chasm é inofensivo, mas nada demais. Se tem uma coisa que gostei um pouco nele, foi a sua estética. Este jogo foi feito pela Temmie Chang e os seus visuais tem aquele mesmo charme da arte dela, com uma pixel art 8-bits decente com poucas cores e cutscenes animadas que conseguem ser bem bonitas. O foco do game é na história, e sobre sua qualidade, digo que ela não fede e nem cheira. A narrativa aborda temas sobre depressão e abandono, mas senti que não foram apresentados de forma profunda o bastante pra causar impacto, mas não foram de todo ruim. Sua trilha sonora é meio fraca, e vindo do Toby Fox chega a ser meio decepcionante. A sua jogabilidade não tem tanto foco, resumindo em apenas andar e interagir com coisas, e como é perfeitamente prestável pra esse game, não tenho muito pra falar. A última coisa que gostei, é que depois de fazer o final verdadeiro, você entra na sala secreta da Temmie e ela fala sobre as suas intenções com o jogo e sua continuação, e além de ser algo engraçadinho, aprecio ver esse negócio dos bastidores (talvez seja um spoiler, mas não é importante pra história, então desconsidero). Escaped Chasm tá mais pra uma demo da Temmie usada para aprender a usar o RPG Maker e abrir caminho pros seus projetos futuros, do que um jogo completo, e mesmo sendo perfeitamente aceitável, não é nada além disso.

Prós: Arte bonita (principalmente nas cutscenes animadas); A sala secreta da Temmie.
Contras: História mais ou menos; Seus temas não foram aprofundados tão bem quanto deviam; Os momentos mais "dark" não foram tão impactantes; Trilha sonora fraca.

Dolphin Blue é um ótimo jogo que conseguiu saciar o meu apreço por Metal Slug. Tem visuais 2D bonitos e dinâmicos, uma boa jogabilidade e uma dificuldade elevada, mas na medida certa. As áreas em que achei que ele pecou, foram na quantidade de Auto-Scrolls e sua identidade pouco marcante, presente em sua estética e trilha sonora. Dolphin Blue pode não ser um dos jogos de Run 'n Gun mais polidos ou originais do mercado, mas tem chances de agradar quem curte jogos desse tipo e se tiver a oportunidade pra jogá-lo (porque não é sempre que se encontra uma máquina da Atomiswave ou dispositivo que possa emular um Arcade desse calibre ou um Dreamcast), aproveite-o.

Prós: Gráficos 2D bons e visualmente dinâmicos; Jogabilidade competente; Dificuldade elevada, mas agradável.
Contras: A sua identidade não é tão marcante; Podia maneira nos Auto-Scrolls.

Rhythm Heaven Megamix é inegávelmente carismático e divertido, mas tem os seus problemas. O seu estilo de gameplay com minigames à la WarioWare com foco em ritmo o faz dele especial e divertido, junto com o carisma de sua apresentação e músicas. Boa parte dos meus problemas se devem ao formato de sua campanha. Eu senti que a campanha foi tão tutorializada, que quando termina de te ensinar, acaba não explorando as suas modalidades tão bem quanto podia, além de que a duração delas variava entre curtíssima e arrastada. Também senti que a forma que o game avaliava o jogador era inconsistensistente, às vezes eu errava só 1 vez e dizia que era mais ou menos e outras errava um pouco mais e dizia que fui super bem. É um bom jogo de música, e mesmo algumas partes não sendo muito da minha praia, me interessou o bastante pra jogar os outros games da franquia.

Prós: Apresentação visual carismática; Músicas boas; Gameplay legal.
Contras: Tutorializado a ponto de não explorar bem as modalidades; A campanha arrasta; Avaliações inconsistentes.

Mr. Driller é um jogo esquecido que recomendo para qualquer um. Tem bons gráficos, músicas boas (apesar de altas) e uma jogabilidade diferente, divertida e desafiadora. O ponto mais fraco do jogo é o fator Replay baixo. Independente se jogar por console ou emulador, recomendo dar uma jogada.

Prós: Visualmente fiel à versão de Arcade; As músicas até que são boas...; A jogabilidade é diferente e divertida; O desafio que o jogo proporciona é interessante.
Contras: ... Apesar do volume alto; Poucos modos de jogo.