2022

Sifu é um beat 'em up 3D que navega entre o fascinante e o frustrante. Visualmente é muito bonito, cada fase apresenta um ambiente único e sempre acontece algo interessante esteticamente nelas, com um excelente uso de cores. A história é um clichê de vingança, mas ainda consegue reservar uma ou outra surpresa para quem se dedicar no jogo. Dedicação, aliás, é a palavra quando falamos do combate. Há várias opções de golpes e combos possíveis, assim como parry e esquiva para lidar com os inimigos, porém a precisão que o jogo exige é bem alta. É bem comum o combate contra vários inimigos simultaneamente, e qualquer vacilo pode significar a derrota, já que a vida do seu personagem acaba muito rapidamente. Mas a morte não é necessariamente o fim, já que é possível reviver ao custo de envelhecer o personagem, o que faz ele causar e receber mais dano. Essa mecânica, junto com as habilidades que podem ser desbloqueadas, acaba criando um grind que incomoda, já que se torna necessário repetir uma mesma fase na tentativa de terminar ela no menor número de mortes possível para evitar maiores dores de cabeça nos chefes, que tem um salto de desafio considerável. A pouca variedade de inimigos desanima, já na metade do jogo praticamente todos os inimigos "comum" já foram apresentados. Mas o maior problema que tive foi com a câmera. Como não é possível dar lock on nos inimigos, muitas vezes eu focava em alguém que não queria ou era atingido por alguém fora do ângulo de visão, e essas situações diminuem muito os méritos do combate. É complicado focar no parry perfeito e no combo ideal quando eu tenho que me preocupar se meu personagem não está bloqueando minha visão do inimigo. É curioso pensar em como as decisões de design foram tomadas, mas Sifu, no fim das contas, é exatamente o jogo que quer ser, pro bem ou pro mal, e esse é o maior elogio que posso fazer para ele.

Novo jogo do criador do excelente Her Story (e de Telling Lies, que não joguei), que continua suas experimentações com FMV. Em conceito, Immortality parece uma evolução natural de Her Story, apresentando um banco de dados com diversos clipes de diversas gravações feitas em dias diferentes, porém, ao invés de usarmos palavras chave para procurar e navegar entre esses clipes, aqui saltamos de um clipe para outro através de rostos ou objetos apresentados na tela. O jogo apresenta um mistério inicial ("O que aconteceu com Marisa Marcel?"), e os clipes apresentados fornecem algumas respostas, e mais perguntas. O que há de mais elogiável aqui é o nível de produção altíssimo, com ótimas atuações, em especial para a protagonista interpretada por Manon Gage. E no momento que, aparentemente, as respostas finais são dadas e os créditos sobem, ainda há valor em explorar mais fundo atrás de novos clipes e segredos, mesmo que sua mecânica de "ache um objeto clicável e torça para ele te levar para um clipe novo" eventualmente canse, pelo alto volume de material disponível. Um dos jogos mais interessantes do ano, apenas vale ressaltar que deve se levar a sério os avisos sobre o seu conteúdo antes de jogar.

Depois de muitas horas gastas no online e no Arcade, resolvi finalizar o modo história individual de cada personagem, além do "A Shadow Falls" que seria a história "geral" do jogo. Esses modos de história são válidos para uma primeira tentativa do tipo na série principal, mas a qualidade geral deles em específico é bem mediana. O tempo tornou SF V num jogo de luta muito bom e divertido, com várias mecânicas interessantes de explorar, um bom elenco de personagens e uma excelente trilha sonora. Apesar de todas as suas experimentações e tropeços, acho louvável o esforço da Capcom em tornar esse jogo algo digno pra série até o aguardado próximo lançamento.

Definitivamente a grande surpresa do ano. Já vinha jogando há alguns meses mas agora com o fim do Early Access resolvi fazer 100% de todo o conteúdo e é muito impressionante o quão viciante esse jogo consegue ser. Obviamente conforme o progresso fica mais fácil fazer uma build que basicamente "quebra" o jogo e te torna invencível, mas é sempre divertido experimentar diferentes combinações de personagens, armas e equipamentos, além de tentar descobrir todos os segredos (não ligaria se tivesse até mais disso). Preço ridiculamente baixo por tudo o que oferece, umas das recomendações mais fáceis de se fazer, só cuidado com o tempo gasto enquanto joga "só mais uma run".

Elden Ring é o jogo mais ambicioso da From Software e sua primeira experiência num mundo totalmente aberto, assim como também é um "best of" de todos os seus trabalhos desde Demon's Souls. Nos aspectos que eles mais vem se especializando há mais de uma década, ou seja, no combate e no level design, Elden Ring é sublime. No caso do mundo aberto, existem vantagens e desvantagens: se é geograficamente fascinante e artisticamente muito bonito, é um mundo muito vasto para basicamente a mesma abordagem de gameplay familiar da séries Souls. O mapa parece grande demais para tornar todas as horas exigidas pelo jogo interessantes, porém, as "Legacy Dungeons", cenários específicos do mapa mais similares ao design clássico da From Software, estão facilmente entre os melhores trabalhos da empresa. Lugares únicos e fantásticos de serem explorados, com batalhas incríveis com os mais variados estilos de chefes. Se a repetitividade de cenários e chefes nas dungeons comuns talvez torne toda a grandiosidade do jogo menos interessante (não me importaria de um mapa menor aqui), Elden Ring tem pontos altos tão altos, momentos tão memoráveis, segredos e quest tão recompensadoras, que é definitivamente uma das jornadas mais marcantes em qualquer jogo.

Um action/adventure 2D claramente muito inspirado em Shadow of the Colossus. O objetivo é explorar um mundo vasto, porém vazio, em busca dos "Titãs" que precisam ser derrotados para prosseguir no jogo. A história é bem abstrata e não é muito claro o real objetivo do seu personagem, mas a pixel art e a trilha sonora são bem agradáveis. O principal ponto da mecânica de Titan Souls é que tanto o seu personagem quanto (a maioria) dos chefes morrem com um único golpe/tiro, e sua única arma é um arco com uma única flecha que precisa ser chamada de volta a cada tiro. Então as batalhas se resumem a sobreviver tempo suficiente para entender o momento exato de atirar sua flecha no ponto fraco do Titã. Isso pode ocorrer em segundos, e entender como um chefe funciona traz uma sensação boa. Um dos combates finais em específico pode ser especialmente frustrante, pareceu algo mais aleatório do que os outros chefes de melhor design. Mas num geral acho que é um jogo recompensador para quem quiser superar sua dificuldade.

Jogo de plataforma/puzzle do mesmo pessoal de Guacamelee. Como você controla um blob que absorve tudo o que for menor que ele, o jogo tem bastante foco em puzzles de física, e usa bastante a touch screen do Vita, além de fases especiais que usam o sensor de movimento para controlar o blob como uma bola num labirinto. Mutant Blobs Attack é bem charmoso visualmente, mas a pouca variedade de músicas que se repetem em cada fase incomoda um pouco. Tem seus momentos, mas num geral achei o jogo somente "ok".

As primeiras horas jogando Burnout Paradise são bem impressionantes. O jogo é lindo, a trilha sonora é ótima, a cidade é divertida de se explorar e os eventos são variados e todos muito interessantes, com destaque para os modos Road Rage (execute um número específico de takedowns) e Showtime (cause a maior destruição possível a partir de qualquer ponto da cidade). Há várias recompensas em cada canto do mapa e o fato das corridas não te limitarem num caminho específico, apenas dando uma dica de uma provável melhor próxima curva, funciona bem demais. Como o mapa não é muito grande, eventualmente o jogo pode ficar um pouco repetitivo. Mas nesse ponto eu já havia alcançado a licença máxima e a impressão inicial de que Burnout Paradise é um dos melhores jogos de corrida arcade que já joguei se manteve bem confortável.

Um jogo simples, fácil, curto mas bem divertido e competente. Uma boa pedida para quem gosta de exploração e plataforma em 2D, com novas habilidades e melhorias sendo adquiridas no decorrer do jogo. Apesar de não ter nada de extraordinário, o progresso é satisfatório o suficiente para fazer valer a pena ir até o final.

Eu tenho muito respeito à história de Super Meat Boy em relação aos jogos indies. Mas depois de ter largado ele pela metade uns anos atrás e resolver jogar até terminar dessa vez, é difícil pra mim apreciar o que ele faz nos mundos finais em relação ao desafio. Gosto dos diversos segredos e fases extras espalhados pelo jogo, mas conforme as fases vão ficando maiores e mais complexas tudo num geral parece pior, mesmo a arte nos últimos mundos é bem desinteressante. Depois de algumas centenas de mortes consegui passar o chefe final e fiquei satisfeito, mesmo tendo mais conteúdo disponível depois disso.

É difícil imaginar um jogo que faça jus à grandeza do mundo de One Piece, mas como musou PW 3 é um jogo bem honesto. Ele tem dois modos principais de jogo, "Legend Log" que basicamente segue a história original da série até o arco de Dressrosa (esse último com um desenvolvimento diferente, pois o arco ainda não tinha acabado quando o jogo foi lançado), e um modo "Dreams Log" com situações de combate mais genéricas. Terminar o modo Legend é uma boa experiência, principalmente por rever vários momentos marcantes de OP. Apesar da maioria das cutscenes serem num formato de "visual novel" utilizando o modelo 3D dos personagens, fiquei positivamente surpreso com a quantidade de diálogo dublado, até mesmo em situações específicas dentro de uma batalha. O modo "Dream Log" é interessante pelas situações que podem ser geradas explorando os vários personagens disponíveis, já que o Legend é jogado quase que inteiro com o Luffy. Mas o grind para desbloquear tudo é muito grande, o que pode deixar as coisas meio tediosas. Como a versão que estou jogando é portátil, deve se tornar um jogo que vez ou outra eu volto para testar algum personagem específico.

Mais um dos Need for Speed medíocres da década passada, mesmo esse sendo feito pela Criterion, do excelente Hot Pursuit de 2010 e da série Burnout. Assim como o original de 2005, Most Wanted tem um mundo aberto e o jogo é sobre ultrapassar os 10 pilotos de rua mais procurados da cidade, mas sem nenhum tipo de história dessa vez. O problema é que essa cidade é um tanto sem graça de se dirigir, ainda mais para um jogo de alta velocidade como esse. A apresentação visual é ótima, mas dirigir o carro não é tão preciso quanto achei que seria necessário. O jogo também tem opções de customização bem limitadas, e infelizmente nada visual. Num geral, um jogo limitado e sem muita inspiração.

Shoot 'em up bastante inspirado no clássico 1942. Tem bons visuais, apesar da pouca variedade, nas suas 9 fases. O pior aspecto do jogo é seu grind excessivo para obter recursos, seja para melhorar sua nave, seja para prosseguir no jogo. Ter que repetir uma mesma fase várias vezes para desbloquear a próxima é bem cansativo, sem essa trava o jogo poderia ter um ritmo mais agradável.

A principal diferença dessa versão para a "Final Edition" é a ausência de um modo Online, porém essa versão tem opção de trilha Arranged e galeria com artworks, coisas que faltaram no último relançamento. KOF 98 segue sendo um excelente jogo de luta, mas uma pena que ele nunca teve uma versão realmente "definitiva" com todo o capricho que um jogo desta qualidade merece.

Jogo de combate com naves/mechs bem arcade, tem cara de algum jogo perdido de Dreamcast, e digo isso no melhor dos sentidos. O foco do jogo é claramente o multiplayer, mas essa versão EX tem um modo campanha que é bacana, apesar de ser curto (e de ter uma história bem bobinha). Tanto o combate quanto os desafios de velocidade são bem divertidos, é um jogo bem despretensioso e que consegue entreter por algumas horas.