injete diretamente nas minhas veias

Esta nota foi baseada simplesmente no subspace emissary:
Super Smash Bros. Brawl foi um dos jogos que eu mais estive esperançoso para jogar na minha vida. Em 2012, quando meu avô decidiu me dar de presente um hd cheio de jogos piratas para o meu Wii (que ele tbm pagou para desbloquear), o título que mais me chamou a atenção foi Brawl, uma sequência do Smash Bros para Nintendo 64, que era um dos títulos que eu mais gostava de jogar em emuladores.

Após ele chegar, foi o meu jogo de escolha por meses e meses, eu totalizei mais de 190 horas de jogo no meu Wii, inclusive deletando todos os meus dados e reiniciando do zero só para ter a oportunidade de desbloquear tudo de novo. A minha versão pirata era incrível, exceto por um detalhe: era impossível zerar o Subspace Emissary. Eu não tinha o que fazer, sempre que chegava na primeira cutscene que mostrava o personagem Snake do Metal Gear Solid, o console inteiro travava e precisava ser reiniciado, o máximo que eu pude fazer para ver o resto do jogo foi assistir gameplays no youtube, inclusive uma live de mais de duas horas zerando o mapa final (para alguém com 9 ou 10 anos, duas horas parecem o dobro, hoje em dia mesmo eu só assisto vídeos em 1,5x ou mais).

Mas voltando ao assunto do texto. 8 anos depois de descobrir tragicamente do glitch que impossibilitava o término do modo história de Brawl, eu decidi baixar uma ROM para jogar no meu PC, no mesmo emulador que eu joguei títulos como Mario Kart Wii e Rhythm Heaven Fever.

Infelizmente, o jogo não era tão bom quanto eu lembrava, e minhas expectativas estavam altas, visto que há uma crescente quantidade de pessoas que afirmam que Brawl não é horrível como falam os fanboys de Melee. Com um controle de Xbox One imitando um de gamecube, o mesmo que funcionou perfeitamente para inúmeros outros títulos de emulador, Super Smash Bros. Brawl é simplesmente ruim. A movimentação é uma porcaria, com os personagens sempre se movimentando lentamente (até mesmo correndo) e pulos terríveis, o que fica evidente principalmente durante as seções de plataforma e exploração que esse jogo por algum motivo possui, sem falar dos tropeços inexplicáveis. O combate é lento, os golpes mal dão dano e a grande maioria dos personagens é inútil, tornando os momentos nos quais o jogo te obriga a jogar com eles ainda piores.

A história é um fan service barato que não faz sentido algum, nem pra contexto das lutas serve direito, então a partir de certo ponto eu passei a pular todas as cutscenes. Eu recentemente vi um vídeo no youtube falando que a história de Brawl é a melhor presente em um jogo da Nintendo, e minha única reação ao ouvir essa afirmação foi rir (e fechar o vídeo), porque talvez seja justamente o contrário.

Meu ponto de abandono foi justamente o Grande Labirinto, a fase final do game, pois eu percebi que não estava me divertindo nem um pouco e não queria aguentar mais duas horas em um único mapa que só me traria dor e confusão. Um dia eu talvez esteja masoquista o suficiente para tentar novamente, mas atualmente eu sinto tanta decepção quanto senti hype ao ver pela primeira vez o título "Super Smash Bros. Brawl" no menu do meu Wii.

3/10

Quando joguei DE pela primeira vez, ele foi quase que terapêutico para mim. Foi uma das obras que eu consumi naquela época que ajudou a construir os blocos da minha nova relação com o mundo, dada uma vida de ruminação e erros. Naquela época, funcionou.

Já hoje eu tive essa fase da minha vida colapsando e implodindo como uma supernova. Todas as estratégias e controles foram ofuscadas em uma visão pálida que mandava colocar meu dedo no botão de ejetar. Foi um dia de beber muito, de andar sem rumo, e de esperar o tempo passar para alguma resposta santa chegar dizendo que algo estava prestes a acontecer. Não aconteceu, a única mensagem que veio foi justamente de um amigo preocupado com o meu estado mental.

Esse amigo é e foi meu apoio, nos conversamos por algumas horas até o cansaço da madrugada vencer e adiarmos k diálogo para outro dia. Durante essa conversa, eu fiz aqui e ali uma referência a disco elysium, não de um jeito caricato e reddit (de vez em quando nem tinha essa intenção), mas sim porque é um jogo tão honesto sobre essas questões de saúde mental. "Compressor volumétrico de merda", "Limpar as Salas", "Dedo no botão de ejetar", "Policial Penitente", "Policial Apocalíptico", "A Menor Igreja de Saint-Sècs", todos esses conceitos passaram voando pela minha cabeça, junto de frases, vagas ou não, que espalharam a minha aventura inicial por revachol, que agora fazem tanto mais sentido.

Em um momento de tanta dúvida e tantos problemas querendo competir entre si, fez bem colocar "Instrument of Surrender" pra tocar e caminhar um pouco sem rumo por uma cidade decadente como a minha. jogos não são necessariamente escapismo, como qualquer arte, são uma reflexão de nós mesmos, mas espelhos funcionam em via dupla.

Espero que passe