Meu empenho era em fazer seek and destroy com os jogos que eu comprei e deixei parados. Não me obrigo a terminar nada, porque tento não ser neurótico, mas vou dando chance a jogo atrás de jogo, uma chance séria, uma chance com atenção e boa vontade, e vou também abandonando conforme o caso. Agora recentemente larguei a trilogia do Ace Attorney porque o humor não me pegou, larguei Grim Fandango e não sei dizer o motivo, parei com Bug Fables no finalzinho porque, entre outras coisas, meus joy-cons estão um lixo e eu não tô podendo jogar nada que demande extrema precisão e/ou combinações complexas de botões. Não preciso citar todos.

Nesse pique eu vinha bem até Dr. Mario pingar no pacote online do Switch e me deixar travado. Não sei dizer quantas horas eu torrei nisso aqui, mas me arrependo só um pouco. É como se ao mesmo tempo a gente tivesse claustrofobia e um impulso enorme para se prender num lugar fechado. É enervante pra cacete e satisfatório, também, ainda que em medida menor. Ele me fez lembrar que eu tenho um cerebrinho que, se fosse uma máquina, seria um tear do tempo em que a Inglaterra mandava no mundo. Ao mesmo tempo, no fluxo de separar as pilulaszinhas de acordo com os vírus que elas combatem, há um padrão que vai se insinuando pra esse cerebrinho cansado e que quase chega a formar alguma coisa semelhante a um entendimento, mas aí, claro, antes que o lé encontre o cré, as pílulas caem muito rápido e o cerebrinho não avança. É triste e perfeito.

Com frequência eu encontro jogos que parecem enormes, mas ficam pequenininhos com o passar das horas. Bug Fables é o contrário: a gente começa prestando atenção na arte cartunesca, meio simplista e sem refinamento, e acaba se espantando com o tanto de coisa que dá pra fazer, com o tamanho do mundo, com a grande variedade de opções de combate, de inimigos, de habitats, itens, com o quanto a história importa e com a profundidade do lore estabelecido.

Infelizmente minha vida tá uma bagunça. Eu me enrolo demais pra fechar jogo. Na hora de voltar é um parto pra pegar as manhas. Vi que a maioria dos jogadores termina Bug Fables em 20 e poucas horas, mas tô com 40+. É verdade que o jogo te dá razão pra explorar e, ativando a medalhinha do Hard Mode, alguns inimigos viram uma questão de encontrar a estratégia certa, mas hoje me peguei inquieto, jogando sem paciência e sem vontade, e percebi que perdi o timing. Zerar esse aqui vai ficar pra outra hora.

Ninguém dá muita bola pra Primeira Guerra e só por isso Valiant Hearts já me pegou, quando saiu. Não dá pra dizer que o jogo é feio ou desinteressante, que não tem puzzles legais, mas progredir me deu uma preguiça sem tamanho.

Legal. As duas ou três horas iniciais me deixaram maluco. O grosso da ação me deixou obcecado e eu jogava sem objetividade nenhuma, só pelo gosto de pegar a picaretinha e cavocar. Quando a novidade passou, eu perdi a vontade de continuar. Sei que isso é um problema meu e diz pouco ou nada sobre o jogo, mas não vou ter o empenho pra gastar outras cinco horas num jogo que traz pouca recompensa. A história é um fiapo de história, a música não ajuda muito, os personagens não têm lá muito destaque. De resto, eu tenho a impressão de que Hollow Knight tirou algumas ideias daqui.

Este aqui é diferente dos Marios que eu tinha tentado. Pra falar a verdade, ele tem um jeitão mais de Kirby que de Mario. Primeiro porque é breve, depois porque é fácil. Poderia ter sido uma série paralela feita com menos conteúdo, mas o resultado aqui diz o contrário. Eu joguei de volta um bom pedaço de alguns dos melhores Marios desde que tive acesso ao serviço online do Switch e o que mais me impressionou em 6 Golden Coins foi a riqueza de detalhes nas fases, nos mundos, nos novos inimigos, na música. Ou talvez isso seja só uma impressão porque, ao contrário dos Super Mario World, esse aqui pra mim é novidade. O charme do Game Boy também ajuda. É que eu tenho uma quedinha por concisão e simplicidade.

Mas quando eu digo que o jogo é fácil, eu tenho que ser sincero: se não fosse o sistema de saves do Switch Online eu teria largado 6 Golden Coins na fase final. Apareceram pulos difíceis e o Wario, chefão, se movia em padrões mais complexos que aqueles que tinham aparecido no jogo até ali. Foi um pico de dificuldade meio abrupto, a cara dos anos 90.

É muito bom. Na verdade, é um feito gigantesco ter transformado a casca do F-Zero em um jogo que é muitíssimo moderno, multiplayer, com uma alma meio mobile, viciante como um Candy Crush da vida. O problema é que sempre fica lá no fundo uma desconfiança de que eu na verdade tô jogando só com robôs o tempo todo. Ainda assim, entender o traçado das pistas e administrar a energia/velocidade é desafio suficiente pra me manter no jogo, mesmo que o multiplayer não tenha regras lá muito claras.

Tô dando por encerrado agora, com um pouquinho mais de 5 horas, porque daqui pra frente vai ser só vício e frustração.

Não sei o que eu esperava, mas...este jogo não tem alma. Dos menus às narrações às comemorações, tudo é asséptico, e ainda com o agravante de ser muito feio e quase inviável no Nintendo Switch. A culpa é de quem? É minha por ter caído em nostalgia.

Bem bom porque contempla quem quer se distrair e quem tem mais daquela vontade de esfolar o controle. Joguei sem nostalgia porque jogo de bater e andar pra frente nao estava no meu cardapio nos meus "anos de formacao" e posso dizer que o jogo se sustenta sem isso. Claro que o clima retrô tem um charme inegavel. De negativo, acho que as diferencas entre os personagens jogaveis poderiam aparecer melhor, e mais cedo, pois tem hora que tanto faz quem escolher e que golpe dar. Depois isso melhora.

Até aí o jogo é bem legal. Quando a gente dedica um tempinho ao multiplayer a coisa se abrilhanta.

Hoje oficialmente desisto de completar esse aqui. Eu o colocava naquela prateleira de "um dia termino, vamo vendo", mas sei que não vou me animar pra vencer os pequenos pulinhos que não consigo dar ou a esquisitice dos movimentos de câmera. Com o tempo eu descobri também que sou o tipo de jogador que a crítica mais abomina: aquele que quer ser guiado pra cima e pra baixo. Chega uma hora que eu canso de rodar o castelo ou vou retomar o game depois de semanas e desaprendi todos os controles. Isso tudo é uma pena porque o que esse jogo é charmoso não está no gibi! Música, atmosfera, os mini-games, tudo é cheio de uma vivacidade impressionante, que é o que me faz retomar o jogo de vez em quando.

Comprei já no fim da feira da eShop do 3ds. Poucas vezes se fez tanto com tão pouco. Mario Golf parece simples, e é até certo ponto, porque é feio e um pouco desengonçado nos controles, mas acho que esse é um daqueles exemplos em que a indústria dos jogos encontrou uma vertente que leva o jogador à essência do que é jogar, brincar, ter um passatempo. É uma espécie de modelo primordial que os elementos de RPG, a música, a presença do Mario e sua rapaziadinha só fortalecem, fazendo uma mistura que é singular pra caramba. Até me espanta que não haja mais imitadores, a exemplo do ótimo Golf Story.

Difícil de um jeito que não é pro meu bico. A câmera não é de grande ajuda e os mapas são aleatórios e sem graça. Com mais opções de tacos e técnicas, variações no terreno e no vento, Cursed to Golf daria mais sentido a sua dificuldade. Em vez de oferecer ao jogador um conjunto de habilidades que ele possa dominar, com a experiência, o game se fixou na ideia daqueles cards. Mas falando assim parece que não foi legal.

Ainda me familiarizando com os menus e os modos, mas o jogo em campo é bem decente e até um pouco viciante. Os graus de dificuldade fazem bastante diferença, e ajustar para mais facinho veio bem a calhar quando eu ainda estava pegando o espírito da coisa. Vejo jogadores reclamarem que essa é uma versão meio pelada dos jogos da franquia, mas como eu tô chegando agora isso não é o que me salta aos olhos num primeiro momento. O jogo custou cinco reais e uns quebradinhos, garotada! Não se compra nem uma Coca com esse dinheiro.

É muito ruim, feio e feito nas coxas. Ao mesmo tempo, tem certo apelo para se jogar repetidas vezes. Como no original, às vezes a feiúra é tanta que o jogo fica charmoso. Só que falta carinho mesmo. Seja para dar mais precisão aos controles ou melhores movimentos às criaturas ou mais variedade ao looping.

1993

Raras vezes um jogo tão influente, e antigo, aguenta o pique de ser novidade pra alguém em 2023. No meu caso, o que mais acontece é eu jogar, entender a importância, mas ter aquelas ressalvas típicas de quem pegou o game fora de seu contexto. Eu nunca tinha jogado Doom até esses dias. Meu FPS dos anos 90 foi Blood, por uma dessas circunstâncias que aconteciam na época em que as crianças não tinham todo o entretenimento do mundo à disposição...enfim, pra encurtar o papo de velho: em 2023 Doom me pegou, eu pude entender o tamanho da influência que este jogo teve sobre muito do que eu já joguei, e ainda sobrou espaço para ficar impressionado com a música, que é talvez o elemento mais definidor do jogo inteiro; com os mapas, que pra mim são um exemplo de design eficiente, intrigante e ao mesmo tempo direto ao ponto; com os efeitos sonoros, que complementam a música e as mecânicas das armas; com o tanto de elementos que Doom empresta dos filmes de ação dos anos 80 e transforma em linguagem de videogame, um campo ainda muito indefinido em 1993. Deu pra ficar bem viciadinho e imaginar como deve ter sido legal pegar isso em primeira mão, 30 anos atrás.

Acho que não vou terminar. Gostei menos dos aspectos de RPG e mais de jogar golfe mesmo -- o que eu acabei fazendo até esgotar minha vontade de seguir no jogo. Como já disseram aqui, a trilha sonora é uma barbaridade de boa. Os personagens são carismáticos, mas a história anda de um jeito protocolar e monótono. O que salva é ir para os campos e encaixar as bolinhas nos buracos. E nisso Golf Story acerta com exuberância. A mecânica começa simples e vai se aperfeiçoando. Aprender e planejar as tacadas faz diferença; acertar é gratificante e errar faz a gente passar raiva. Talvez eu termine, depois de um tempinho de descanso.