O famoso (ou nem tanto) antecessor de Fallout. Se você consegue suportar algumas das idiossincrasias de wRPGs oldschool, como a ausência de mapas/automaping, atributos inúteis e dificuldade na estratosfera, é uma ótima pedida. Se comparado com seu "filho" mais popular, Wasteland é ainda mais bizarro, com alguns dos momentos mais inusitados que já experimentei em um RPG. Três dicas para quem quiser se aventurar: LEIA O MANUAL, FAÇA ANOTAÇÕES e NÃO JOGUE SUAS CORDAS FORA.

Jogo "platinado" — todos jiggys, jinjos e etc coletados. Melhor que o antecessor, sem dúvidas. Eu diria que, apesar de ser um ótimo collectathon, é um platformer apenas ok. Explico-me: explorar as fases em busca de itens é legal e os colecionáveis estão bem distribuídos, além da quantidade deles ser na medida. Movimentar-se pelas fases, entretanto, não é lá essas coisas. Banjo é lento e com um moveset focado na resolução de problemas específicos em vez de aumentar seu leque de acrobacias. Se contrastado com um Mario da vida, a diferença é gritante. Enquanto em Mario a movimentação (platforming) é um fim em si mesmo, com level design incentivando o jogador a demonstrar sua destreza, em BT (e BK) a movimentação é uma ferramenta para coletar itens. Não há nada de errado nessa abordagem e entendo perfeitamente quem gosta dela, mas eu prefiro muito mais a de Mario 64 — um platformer com vários itens para coletar, em vez de uma aventura em busca de itens mediada através de fases de plataforma 3D.

Como da última vez que joguei fiz uma build baseada na inteligência, desta vez fiz um personagem com apenas 1 nesse atributo e o resto tudo na força e stamina. O resultado é hilário. Todas as suas falas são substituídas por grunhidos e os NPCs te tratam como um idiota - alguns até se recusando a conversar com você, por ser perda de tempo. Essa é uma das coisas que torna esse game tão especial: os atributos de seu personagem modificam completamente a partida, com quests e diálogos se ajustando às suas circunstâncias. Até fiquei com vontade de re-rejogar com um personagem diferente (dessa vez focado no carisma). Não vou babar muito o ovo do game, só me limitarei a dizer que é um dos melhores sandbox RPGs da história e que limpa o chão com a cara de Fallout 3.

Fenomenal. É a fórmula do primeiro, mas maior, mais complexo e muito mais variado. Tem como dar errado? Bem, na verdade, tem sim. Fallout quase perde sua identidade nessa expansão. O mundo desolado e impiedoso que estávamos acostumado transformou-se num lugar estranho e cheio de coisas inusitadas, com cada localidade mais louca que a outra. Já vi críticas dizendo que Fallout 2 perde nessa transição sua consistência temática, mas eu discordo: a luta pela identidade do novo mundo é seu tema, e a história e sidequests giram entorno disso, com as ações de seu personagem determinando ao final que facções serão bem-sucedidas e farão a Wasteland à sua imagem. O tom do jogo é diferente, porque o mundo está diferente — e continua mudando. Se o original é uma tragédia, a sequência é uma comédia — seu complemento perfeito quando bem-feito. E se tem uma coisa que Fallout 2 é, é bem-feito. Superior ao original em quase tudo (só o chefão final que não se compara) e o melhor sandbox RPG que já joguei.

Não é tão bom quanto os Fallouts clássicos, mas é muito melhor que Fallout 3. Faz jus à franquia a que pertence, com uma campanha principal excelente, ótimas side-quests e várias formas de se resolver os problemas além de simplesmente atirar em tudo pelo caminho. Pena que é tão bugado.

Um RPG incrível... Exceto pelo combate. Diálogo? Fenomenal. Quests? Divertidíssimas. Roteiro? 10/10. Ambientação? Poucos jogos se comparam. Mas na hora de usar uma arma, só tem dois extremos: ridiculamente fácil ou quase impossível. Felizmente o jogo te dá várias ferramentas para evitar o combate, sendo possível se esgueirar, hackear ou manipular NPCs quase sempre... Quer dizer, até você chegar no ato final, que vira basicamente uma série de corredores com trocentos inimigos e chefes apelões. Apesar dos pesares, os pontos altos se sobressaem bastante. Visto que a Troika Games (desenvolvedora do jogo) estava à beira da falência e ruiu logo após o lançamento de Bloodlines, até dou um desconto pelas partes ruins como efeito da produção conturbada.

Adventure curto e simples com apresentação fenomenal.

Apesar de não estar na mesma liga que os dois primeiros clássicos da série (principalmente no tocante à originalidade), ainda mantém o charme de Monkey Island e entrega um produto final divertido e esteticamente muito agradável. Minha maior crítica fica para alguns puzzles que exigem pixel hunting. Mais do que esperado para adventures point-and-click? Tecnicamente, sim... Mas pixel hunting só faz sentido quando é possível... ver os pixels! Algo que não era problema algum em jogos de PC com gráficos EGA ou VGA. O visual bonitão e coeso de Curse acaba sendo um problema inesperado na hora de procurar alguns objetos essenciais. Felizmente isso só me ocorreu umas duas vezes no decorrer do game.

Um belo exercício em metalinguagem. Se você gosta de games como Doki-Doki Literature Club ou The Stanley Parable, é uma ótima pedida.

Certamente o ponto baixo da série. Além da direção de arte horrenda (que não dá para desculpar como sendo simplesmente falta de experiência da LucasArts com mundos 3D; Grim Fandango veio antes e continua sendo lindo), há problemas com o puzzle design, piadas fracas e plot derivativo. Infelizmente, a última aventura gráfica da LucasArts não foi o canto de um cisne, e sim o grasno desafinado de um pato.

Criativo e estiloso. Como não gostar? Fiquei principalmente impressionado com como o game consegue ser extremamente frenético mesmo com a mecânica de o tempo só se mover quando você se move. Quem quer que tenha dito que SUPERHOT é quase um puzzle por causa dessa mecânica estava delirando: o game continua sendo um shooter de ação desenfreada do início ao fim, mesmo com suas peculiaridades.

A Playdead simplesmente dominou a arte do gamefeel com esse jogo. Você consegue sentir cada passo, salto ou queda dado - sensação que apenas o Prince of Persia original e Shadow of the Colossus conseguiram me passar. Assim como esses dois clássicos, esse gamefeel está a serviço da narrativa e imersão. INSIDE é às vezes contemplativo, às vezes desesperador, às vezes arrepiante; mas não importa que sentimento ele manifesta em você, ele sempre o faz primariamente através da gameplay.

Hum, sentimentos mistos. Diria que é um platformer bem hardcore que fica no limiar da dificuldade e injustiça - às vezes cruzando-o, mas não com frequência o suficiente para estragar a experiência. Minhas maiores críticas mesmo ficam para a interfaece e falta de QOL: a inabilidade de saber em que substágio estão as Electoon Cages que faltam pegar e os continues limitados me estressaram mais do que qualquer pulo quase-impossível.

2018

Muito interessante. Um zelda-clone com um twist inusitado: você tem apenas 60 segundos para fazer suas ações antes de automaticamente morrer e voltar à tela inicial. O design do game é meticulosamente arranjado para levar isso em consideração. A travessia pelo overworld torna-se um puzzle em si, com a otimização do tempo sempre estando em primeiro plano. A experiência é curtíssima (levei 2h30m para pegar todos os itens optativos, corações e segredos; se você não se importa com isso, deve dar pra zerar em ~1h tranquilo) , mas isso não é um ponto negativo. O game não toma seu tempo mais que o devido e suas mecânicas são satisfatoriamente exploradas antes de se tornaram entediantes. E se você quiser mais, há uma second quest com tempo ainda mais limitado (apenas 40 segundos!) e uma quantidade sadia de segredos para procurar.

Começa bem e faz ótimas referências ao Wasteland original, mas com o tempo fica entediante e repetitivo. Dava pra enxugar umas 30 horas do jogo tranquilamente e nada seria perdido. Mas mesmo levando isso em conta o jogo tem outros problemas: companions sem graça, sidequests fracas, facções subaproveitadas e uma trama central que não consegue amarrar o mundo e subplots satisfatoriamente. É decepcionante principalmente se você compara ao Wasteland original, que tinha um mundo intrigante e uma trama incrível desde o início, com um desfecho fenomenal.